Narrado por Victor
Em Belo Horizonte, um garoto me abraçou e disse que tinha desistido de desistir. Segurei o abraço como náufrago agarra madeira. Quis dizer algo brilhante, mas só consegui: “Obrigado.” Às vezes não é eloquência que salva, é presença. Dias depois, antes de um palco, tive uma crise de ansiedade: mãos geladas, peito em caixa. O público atrás da cortina parecia uma boca aberta esperando alimento. “Eu não consigo”, sussurrei. Isabela colocou a mão no meu peito: “Você está aqui. Agora. Comigo.” Fechei os olhos e encontrei o corpo: ombros, língua, chão. O coração desacelerou o bastante para entrar. Falei. Enquanto eu falava, eu me ouvi. Era como se eu fosse duas pessoas: a que fala e a que escuta, finalmente de mãos dadas.Em casa, negociamos limites. Isabela me pediu honestidade quando eu não aguentasse. Promessas me lembram infância e a sensação de falhar, mas eu disse: “Eu vou tentar.” “Eu vou tentar” é pai e mãe do ato de continuar. As semanas se arr