A intimação chegou numa manhã cinzenta. Victor estava no quintal, regando as plantas, tentando manter alguma rotina que lembrasse paz. Eu abri a caixa de correio e vi o envelope. Papel timbrado. Formal. Frio.
Era um processo. A família Aguiar estava nos processando por difamação, exposição indevida de informações privadas e “danos irreparáveis à reputação da empresa e da figura paterna”.Victor leu em silêncio. Não fez perguntas. Não reagiu. Só sentou na varanda e ficou olhando para o envelope como se ele fosse uma bomba prestes a explodir.— Eles não vão parar — disse, finalmente. — Vão me enterrar em papelada, em tribunais, em mentiras.— Mas você tem provas. — Tem sua história. — Tem a verdade.— E eles têm dinheiro. — Influência. — Advogados que transformam dor em argumento.A tensão entre nós começou a crescer. Não por falta de amor. Mas por excesso de medo.Victor se fechou. Escrevia menos. Dormia menos. Falava men