O cheiro de bolo caseiro e pão quentinho invadiu o andar de cima antes mesmo que eu abrisse os olhos. Ainda era cedo, mas a movimentação no casarão já denunciava que o dia seria longo e especial.
Me espreguicei devagar, deixando o peso dos lençóis escorrer pelo corpo ainda meio adormecido. Quando me sentei na cama, ouvi a porta do banheiro se abrir. Laura saiu de lá envolta por aquele aroma fresco de sabonete e perfume suave que já se tornara familiar e viciante.
O cabelo dela estava solto, úmido, caindo em ondas suaves sobre os ombros. Vestia um vestido curto e estampado com flores pequenas, que deixava as pernas à mostra e os ombros delicadamente expostos. Por um segundo, esqueci de respirar.
— Bom dia. — ela disse, ao me ver, com um sorriso tranquilo nos lábios.
Laura estava mais suave hoje. Mais presente. Nada como a mulher tensa e silenciosa do dia anterior, que mal conseguiu encarar o próprio passado sem estremecer por dentro.
— Bom dia… — respondi, ainda com a voz ro