O restante da manhã se passou entre risos, conversas cruzadas e memórias que vinham à tona a cada mordida nos quitutes da Rosa. A mesa foi ficando mais leve, mesmo com a presença de Thomas e Mariana pairando como sombras do passado.— Eu preciso ir até o povoado resolver uma coisa rápida com o gerente do banco — Bernardo disse baixo, inclinando-se até mim. — Volto antes do almoço, tá?Assenti, tentando não deixar o incômodo transparecer. Eu queria que ele ficasse.— Claro — murmurei, e ele me beijou a têmpora antes de se despedir dos outros.A movimentação no casarão diminuiu. Lena e Diogo foram para os fundos da casa organizar as bebidas, Mariana sumiu não sei pra onde, talvez pro quarto dela, talvez pro mundo dela e minha tia foi conferir os pratos com a Rosa na cozinha. Foi nesse silêncio espaçado que resolvi subir. Queria tomar um banho rápido, trocar de roupa. Me sentia meio fora de mim.Subi as escadas devagar, sentindo aquele velho peso apertar o peito. Entrei no quarto e comec
Voltar pro casarão depois de uma manhã inteira tentando resolver pendências da fazenda no banco era, no mínimo, um alívio. O calor tinha dado uma trégua, mas minha paciência não. Aqueles tipos de conversa que parecem nunca sair do lugar, papelada, registros, ajustes burocráticos me tiravam do sério.Estacionei o carro na lateral da casa e mal desliguei o motor, vi Mariana se aproximando, apressada. A blusa de alcinhas e o sorriso comedido dela me diziam que vinha coisa. Mariana não sabia conversar casualmente. Sempre tinha algo por trás.— Voltou cedo — ela disse, encostando-se à porta do carro com a maior naturalidade do mundo.— Resolvi tudo que foi necessário — respondi, abrindo a porta.Ela riu baixinho e me acompanhou até a frente da casa, como se estivesse prestes a entregar uma fofoca de ouro.— Sabe o que é engraçado, Bernardo? — começou, como quem não quer nada. — Logo depois que você saiu, Laura subiu. E não demorou muito… Thomas também subiu.Meu corpo imediatamente enrijec
Queridas leitoras, Antes de tudo, quero pedir desculpas por não ter conseguido publicar durante dois dias nesta semana, embora não tenham sido dias consecutivos. Foi semana muito corrida pra mim na faculdade, cheia de provas e trabalhos, e acabei ficando sobrecarregada. Mas estou planejando adiantar alguns capítulos neste final de semana e também durante o feriado da próxima semana, pra não deixar vocês sem atualizações. Aproveito também pra pedir uma ajudinha especial: estou enfrentando um probleminha com um dos meus livros aqui e preciso muito que uma leitora entre em contato comigo pra me ajudar a resolver o mais rápido possível, por favor. Se alguma de vocês puder se habilitar, ficaria imensamente grata! Vou deixar meu número abaixo e, por favor, se você puder me ajudar, me chama no W******p, tá bom? (75) 998653267 Ah, e eu também percebi que algumas leitoras, pela forma como escrevem, talvez sejam de Portugal. Se for o seu caso, pode deixar o seu número que eu mesma entr
Quando me levantei da cama, Laura ainda dormia. Ela parecia tão tranquila que me perguntei se aquilo era só cansaço ou um cansaço misturado com alívio. Eu não sabia mais como me sentir. Na noite anterior, subi pro quarto tarde, depois que ela já tinha dormido. E hoje, meu plano era sair cedo antes que ela acordasse e seguir pra fábrica. Era mais fácil quando eu não precisava encarar o que sentia. Amar alguém que não te escolhe de volta… era como remar sem direção, sem saber se um dia chega em terra firme. Fechei a porta do quarto com cuidado. Mas quando virei o corredor, parei seco. Thomas estava ali. Em pé, na ante-sala, como se não tivesse nada de errado em ficar encarando a porta do nosso quarto. — Posso saber por que você tá plantado aqui, olhando pra porta do meu quarto e da minha esposa? — perguntei, caminhando até ele com passos firmes. Meus olhos cravados nos dele. Ele não recuou. Nem fingiu constrangimento. Só me encarou com aquele mesmo ar insolente. — Tô esperando
A copa da fábrica era um lugar simples, mas já me era familiar. Tinha estado ali outras vezes, e aquela mesa de madeira comprida, encostada na parede, com seu cheiro de café fresco misturado ao de pão recém-torrado, sempre me trazia uma sensação discreta de acolhimento.Na mesa, havia queijos cortados, pão francês ainda quentinho, bolo de fubá coberto com açúcar cristal e uma jarra de suco de laranja recém espremido. Bernardo preparava duas xícaras de café enquanto eu me sentava, observando-o com um certo silêncio entre nós. Ele se movia com a calma de quem conhece cada centímetro daquele lugar, mas não parecia exatamente em paz. Talvez fosse só impressão minha. Ou não.— Tá forte? — ele perguntou, colocando a xícara na minha frente.Tomei um gole antes de responder. — Tá ótimo.Ele se sentou ao meu lado, e por um instante, tudo que se ouvia era o barulho dos funcionários se movimentando do lado de fora. Aquela pausa entre a chegada e o início do expediente.— Obrigada por ter me tra
Na tarde do dia seguinte, o Bernardo e o Diogo estavam trabalhando na fábrica, minha tia e a Lena haviam ido ao povoado, e eu aproveitei o silêncio da casa para subir ao quarto e focar um pouco na minha tese. Estava tendo grandes avanços, conseguindo me concentrar mais do que esperava, mas, depois de algumas horas, comecei a sentir uma inquietação estranha. Talvez fosse fome. Ou só o cansaço acumulado dos últimos dias.Fechei o notebook e deixei os papéis organizados sobre a escrivaninha. Peguei um livro — não por obrigação, mas por prazer — e saí do quarto em busca de algo pra comer. Minha intenção era simples: fazer um lanche rápido e ir até a varanda, onde a luz do fim de tarde costumava ser agradável, perfeita pra me distrair um pouco e respirar.A cozinha estava vazia, o que era de se esperar com a Rosa também fora por algumas horas. Peguei um pedaço de bolo, servi um copo de suco e, com o prato em mãos e o livro debaixo do braço, fui em direção à varanda.Mas no caminho, ouvi pa
Oi, pessoal! Passando aqui para explicar o motivo da pausa nas atualizações. Tive um problema com outro livro meu, que está bloqueado na plataforma e, para que ele seja liberado, precisei da ajuda dos leitores com uma gravação específica solicitada pela plataforma. Pedi essa colaboração por aqui e até deixei meu número de contato, mas infelizmente ninguém conseguiu me enviar o que era necessário. Embora o problema tenha acontecido em outro livro, se ele não for resolvido, pode acabar afetando também as atualizações deste aqui. Por isso, estou fazendo o possível para encontrar uma solução. Pretendo voltar a atualizar este livro aqui em breve. Estou fazendo o possível para resolver e poder voltar a publicar normalmente. Peço, com carinho, que evitem comentários negativos — eles machucam, sim. A saúde mental de quem escreve também importa, e depois de tolerar muitas críticas injustas em silêncio, decidi que não vou mais aceitar esse tipo de comportamento aqui. Agradeço imensament
Cheguei à fazenda mais tarde do que gostaria. O dia tinha sido puxado — daqueles que começam com pendências acumuladas e terminam com ainda mais para resolver. Na produção, surgiram contratempos desde cedo, e até na transportadora o Diogo teve que intervir por conta de um caminhão parado na estrada. Nada parecia fácil hoje. Assim que empurrei a porta do casarão, respirei fundo. O silêncio ali dentro contrastava com o ritmo acelerado do dia. Na sala, encontrei Laura sentada no sofá, o celular nas mãos, os olhos atentos à tela. Ela nem percebeu minha chegada de imediato. E por um instante, só a observei. Seu corpo estava relaxado, mas havia algo na postura — no jeito como os ombros caíam levemente, como o polegar deslizava devagar pela tela — que denunciava o cansaço. Talvez ela também tivesse tido um dia longo. Ou talvez fosse só o peso dos últimos dias, somando devagar, sem alarde. Ela não sabia que eu sabia. Não sabia que as palavras do Thomás haviam chegado até mim, invadido