Na noite anterior, durante o jantar, a Sara agradeceu a todos pela estadia no casarão. Sua voz estava serena, segura. Disse que iria morar com o Felipe — apenas isso. Nenhuma grande explicação, nenhum discurso elaborado. Foi simples, direto. E inesperadamente definitivo.
Ninguém fez perguntas. Talvez porque, de alguma forma, todos já soubessem. Havia algo inevitável na forma como os dois se olhavam, como se tivessem encontrado um lar um no outro, mesmo em tão pouco tempo.
Eu não sentia raiva da Sara. Não havia mágoa, nem ressentimento. Pelo contrário — o que eu sentia era uma pontada silenciosa de inveja.
Não por ela ter ficado com o Felipe. Isso não importava. Mas pela coragem. Pela capacidade que ela tinha de se lançar inteira, de se permitir viver um sentimento sem ficar criando grades em volta do coração. Sara não tinha medo de amar. De quebrar a cara, se preciso fosse. De se machucar, se fosse o preço de viver algo verdadeiro.
Ela havia conhecido o Felipe há poucas semana