A rotina de Clara raramente fugia do previsível. Ela gostava assim. Seus dias se dividiam entre o trabalho, os livros e as caminhadas silenciosas, especialmente nos corredores espaçosos do Shopping Valmor, onde a livraria aconchegante do segundo piso parecia sempre chamar por ela. Naquela tarde de sexta-feira, o cheiro de café fresco misturado ao perfume das páginas recém-folheadas tornou o ambiente ainda mais convidativo.
Ela segurava um romance de capa azul, com letras douradas, que falava sobre promessas esquecidas e amores reencontrados. Enquanto lia a contracapa, distraída e absorta, virou-se para sair da livraria — e foi quando esbarrou em alguém. O impacto não foi forte, mas o suficiente para fazê-la tropeçar levemente e deixar o livro escorregar de suas mãos.
— Me desculpe! — exclamaram os dois quase ao mesmo tempo.
Clara abaixou-se rapidamente para pegar o livro, mas outra mão já o segurava. Quando ela olhou para cima, encontrou um par de olhos castanho-claros que a observava