63. Um Território Inseguro
Meu estômago ronca pela terceira vez na última hora, protestando contra minha decisão de me esconder no quarto.
Suspiro e encaro o relógio na parede: uma da tarde.
Passei a manhã inteira aqui, saindo por cinco minutos para pegar um café na cozinha. Tudo para evitar encontrar Ettore depois da nossa conversa no meio da madrugada.
Afinal, o que eu diria? “Bom dia, como vai a ressaca? Lembra da trégua que propus quando você estava bêbado?”
É patético o quanto estou evitando o inevitável.
Resignada, deixo o quarto e desço as escadas em silêncio, como se estivesse invadindo a própria casa.
Na cozinha, encontro apenas a governanta, que guarda algumas compras.
— Boa tarde, Sra. Bianchi — ela cumprimenta, sorrindo calorosamente. — Estava prestes a subir com seu almoço. A senhora sumiu o dia todo.
— Desculpa pelo trabalho extra, Adeline — respondo, me sentindo culpada. — Acabei perdendo a noção do tempo.
Ela apenas acena, sem fazer perguntas. É uma das coisas que mais gosto nela: sua