62. Sem Fugas, Sem Mentiras
Congelo. Meu cérebro tenta entender o que está acontecendo, mas nada faz sentido.
Há pouco ele mal conseguia manter os olhos abertos, e agora… fala com clareza, como se nunca tivesse encostado num copo de whisky.
— Você… não estava dormindo — sussurro, sentindo meu coração acelerar.
— Aparentemente, não — ele diz, rouco, mas lúcido. — Por que não responde minha pergunta?
Engulo em seco, desviando o olhar.
Depois da nossa conversa, do jeito como ele me expulsou do escritório, acreditei que ele tinha desistido. Que voltaria à sua habitual frieza.
— Não é simples, Ettore — respondo, por fim, em voz baixa.
— Então simplifica para mim — rebate, os dedos ainda apertando meu pulso. — Estou bêbado, não burro. Você acabou de dizer que me ama… mas ainda não consegue me contar por que destruiu tudo?
Ele segura firme. Não com violência, mas com aquela força silenciosa que diz “não vou deixar você fugir de novo”.
E, ironicamente, fugir é exatamente o que eu mais quero fazer agora.
— Po