204. Como Posso Ser Tão Egoísta?
“Lorenzo Villani”
Observo Aurora escolhendo roupas no closet do apartamento dela, ainda com uma tensão nos ombros que não estava lá ontem à noite.
Ela tenta parecer normal, mas conheço cada movimento dela bem o suficiente para saber que ainda está processando o que aconteceu pela manhã.
E eu não a culpo.
Passo a mão pelos cabelos, tentando organizar meus próprios pensamentos, enquanto a imagem dela, assustada, com minha arma apontada para a cabeça, insiste em me assombrar.
Essa é a minha realidade desde os oito anos. A reação foi automática.
Vinte anos de treinamento, preparação e disciplina fazem o corpo agir antes que a mente consiga processar a situação.
Uma presença inesperada. Um movimento fora do padrão. E todos os instintos de autopreservação são ativados instantaneamente.
É uma questão de sobrevivência.
Mas isso não torna menos terrível o fato de ter apontado uma arma para a cabeça da mulher por quem estou apaixonado.
Depois de tudo que vivemos naquela cama