142. A Vida Que Sempre Sonhamos
“Chiara Bianchi”
Quando Antônio entra na sala, todo o preparo mental que cultivei até agora evapora num segundo.
Ele está mais magro, com olheiras profundas e claramente nervoso.
— Você parece cansado — comento, forçando uma naturalidade que não sinto.
— E estou — admite, se aproximando enquanto observa o ambiente. — Semanas fugindo da polícia não são exatamente relaxantes.
Ele se senta perto da porta, como sempre estrategista. Sempre calculando rotas de fuga.
— Antônio, quando você ligou, fiquei… surpresa — digo, sentando na poltrona em frente. — Depois da nossa última conversa, achei que tivesse sido clara.
— E foi. Mas estou desesperado, Chiara. Preciso de você.
— Me explica o que está acontecendo — peço, limpando a garganta. — Onde esteve nessas semanas?
— Hotéis baratos, pensões… lugares onde não pedem documento — diz, passando a mão no rosto. — Estou quase sem dinheiro. E eles estão me caçando por todo canto.
— E a Liz? Por que não tentou falar com ela?
— Ela me odei