A chuva escorria pelas janelas como se desenhasse caminhos que Helena ainda não sabia se teria coragem de seguir. Estava de pé no centro do quarto, o caderno fechado sobre a cama, o coração latejando sob camadas de silêncio acumulado. Não tinha dormido bem. Não depois daquela troca de mensagens com Arthur, nem depois do que lera, relera, e tentara escrever.
Passava das dez quando a mensagem chegou:
— O jantar está de pé. Te espero aqui. Vem com calma.
Simples. Carinhoso. Carregado de um afeto que ela não conseguia mais ignorar.
Ela se vestiu devagar. Saiu com o caderno na bolsa, sem saber se aquilo era uma preparação ou uma fuga.
Aline a esperava num café discreto, com cara de refúgio em dia de tempestade. Nuvens baixas pesavam sobre Londres, e o cheiro de café fresco parecia a única coisa estável naquele mundo suspenso.
— Já pedi pra você. Cappuccino forte, certo?
Helena assentiu e se sentou.
Durante alguns minutos, falaram sobre o trabalho, os relatórios, os preparativos para a sema