Capítulo 68

A chuva escorria pelas janelas como se desenhasse caminhos que Helena ainda não sabia se teria coragem de seguir. Estava de pé no centro do quarto, o caderno fechado sobre a cama, o coração latejando sob camadas de silêncio acumulado. Não tinha dormido bem. Não depois daquela troca de mensagens com Arthur, nem depois do que lera, relera, e tentara escrever.

Passava das dez quando a mensagem chegou:

— O jantar está de pé. Te espero aqui. Vem com calma.

Simples. Carinhoso. Carregado de um afeto que ela não conseguia mais ignorar.

Ela se vestiu devagar. Saiu com o caderno na bolsa, sem saber se aquilo era uma preparação ou uma fuga.

Aline a esperava num café discreto, com cara de refúgio em dia de tempestade. Nuvens baixas pesavam sobre Londres, e o cheiro de café fresco parecia a única coisa estável naquele mundo suspenso.

— Já pedi pra você. Cappuccino forte, certo?

Helena assentiu e se sentou.

Durante alguns minutos, falaram sobre o trabalho, os relatórios, os preparativos para a sema
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