O primeiro inimigo surgiu como uma sombra viva.
Caminhava devagar. O som das botas secas sobre o chão úmido fazia mais barulho que sua voz.
— Não queremos te matar, herdeira — disse ele, sorrindo com os dentes manchados de sangue recente. — Mas também não temos medo de fazê-lo.
Selena manteve a mão no punhal. Estava trancada na sala dos depósitos, com o inimigo bloqueando a única saída.
Atrás dele, mais dois homens se aproximavam. O símbolo da antiga alcatéia de Kael gravado nas lapelas de couro.
Ela estava cercada.
E sozinha.
Na estufa, o corpo de Eleonora jazia encostado a um dos pilares, ferida, mas viva. Dois dos inimigos estavam caídos próximos a ela.
A loba mais velha havia lutado com tudo o que tinha — e talvez mais do que podia.
— Se encostarem nela, eu caço vocês até o fim da floresta — murmurou com a voz rouca, ainda com o punhal em mãos.
Darian não via mais as paredes.
Nem os degraus.
Nem o próprio corpo.
Ele corria como fera.
Descalço, rasgado, instinto puro.