Catarine é uma mulher enigmática e poderosa, dona de uma das mais respeitadas empresas de moda feminina da cidade. Rica, influente e impecável aos olhos do mundo, ela esconde uma vida de reclusão e segredos em sua mansão isolada, onde vive com seu filho pequeno, Holly, protegido do olhar alheio por uma rígida rotina de estudos em casa e o auxílio silencioso de sua fiel babá, Anastácia. Quando Eithan, um jornalista determinado e perspicaz, surge com a proposta de uma entrevista exclusiva, Catarine acredita se tratar de mais uma oportunidade de fortalecer sua imagem pública. Mas Eithan não está ali apenas por sua reputação no mundo da moda — ele esconde sua própria identidade e carrega perguntas que podem desestabilizar tudo o que ela construiu. Enquanto os encontros entre os dois se tornam cada vez mais frequentes e intensos, uma tensão psicológica cresce, silenciosa e ameaçadora. Catarine se vê forçada a confrontar os fantasmas do passado, ao mesmo tempo em que luta para proteger o maior de todos os seus segredos: sua maternidade. Entre jogos de poder, atração e desconfiança, ambos caminham perigosamente sobre uma linha tênue, onde a verdade pode destruir não apenas vidas, mas também identidades. Um dark romance arrebatador, onde mistério, paixão e segredos se entrelaçam até o limite final.
Ler maisO portão de ferro forjado se abriu lentamente, emitindo um rangido agudo que se perdeu na imensidão do jardim coberto pela névoa. Eithan caminhou sem pressa pela alameda de pedras, enquanto os galhos retorcidos das árvores pareciam observá-lo em silêncio. A mansão surgia à sua frente como uma entidade viva — imponente, fria, de janelas altas e opacas.A porta principal foi aberta por Anastácia, sempre discreta, que o conduziu até o hall principal sem sequer fitá-lo nos olhos. O aroma discreto de jasmim pairava no ar, misturando-se ao perfume adocicado da madeira envelhecida.Catarine aguardava no centro da escadaria, vestida de preto, como sempre, o tecido escorrendo como sombras ao redor de sua silhueta.— Eithan… — saudou, com um sorriso contido. — Que bom que pôde vir.Ele inclinou levemente a cabeça, os olhos percorrendo os detalhes do ambiente: tapeçarias antigas, um lustre de cristal opaco, e o reflexo tênue da luz natural que mal conseguia atravessar as cortinas pesadas.— Obri
A manhã desabrochava em tons acinzentados sobre a cidade, filtrando-se através das cortinas de linho do escritório de Catarine, no topo da imponente sede de sua empresa.O vidro refletia não apenas o céu opaco, mas também a mulher à frente dele — uma silhueta perfeita, erguida com a mesma rigidez das paredes de mármore ao redor.Catarine terminava de assinar um contrato quando a secretária bateu suavemente à porta.— Seu compromisso das dez está aqui.Ela nem ergueu o olhar.— Mande entrar.A assinatura deslizou firme pela folha, enquanto o coração, lá no fundo, pulsava naquele ritmo controlado e inalterável de quem dominava não só os negócios, mas também os próprios impulsos.Quando levantou a cabeça, viu-o atravessando a porta com passos seguros.O homem da entrevista.O repórter.Ou, pelo menos, era assim que se apresentava.Eithan.A barba levemente por fazer, o olhar cínico escondido atrás de uma expressão afável e estudada, as mãos enfiadas nos bolsos do sobretudo negro.Ele pa
O relógio antigo na parede marcava três da manhã quando Catarine abriu a porta do quarto de Holly.A penumbra azulada invadia o espaço através das cortinas semiabertas, deixando riscas pálidas sobre o chão de madeira escura.Ela parou à soleira, silenciosa, ouvindo a respiração irregular do menino, misturada a pequenos gemidos que rasgavam o ar abafado do quarto.O corpo miúdo estava encolhido sob o cobertor grosso, os cabelos dourados grudados à testa úmida.Um calafrio atravessou a espinha de Catarine.— Holly… — sussurrou, cruzando o quarto com passos leves, quase sem tocar o chão.Sentou-se na beira da cama e afastou com delicadeza os fios de cabelo molhados, pousando a palma fria sobre a testa quente do filho.Fazia horas que a febre não cedia.Inspirou fundo, lutando contra o pânico silencioso que ameaçava subir pela garganta.Não podia chamar um médico.Nunca podia.Afastou esse pensamento e puxou o cobertor até o queixo de Holly, como se aquele gesto fosse capaz de protegê-lo
O relógio antigo marcava dez horas em ponto quando a secretária anunciou a chegada do repórter.Catarine Vasquez permaneceu sentada, imóvel em sua cadeira de couro negro, encarando a cidade pela parede de vidro que dominava o escritório.Lá fora, a chuva fina caía sobre a arquitetura fria e metálica, borrando as luzes de neon e as vitrines impecáveis das marcas que ela, agora, superava com facilidade.Ela fechou lentamente a tela do notebook e ajeitou a lapela do blazer. O reflexo na vidraça devolveu-lhe a imagem que havia esculpido ao longo dos anos: a de uma mulher intocável.- Pode mandar entrar - disse, sem se virar.Ouviu a porta se abrir com suavidade e o som dos passos firmes que cruzavam o piso de mármore.Virou-se apenas quando sentiu que ele já estava suficientemente próximo.Um homem alto, magro, vestindo um sobretudo escuro, de feições marcadas, barba bem aparada. Olhos cinzentos, frios, mas disfarçados por um sorriso discreto e educado.Ele estendeu a mão.- Senhorita Vas
5 anos depois...As vitrines exibem meus vestidos - frios, impecáveis - assim como eu.Caminho pelo saguão de vidro da sede da minha marca, o salto marcando o chão com a mesma precisão que o bisturi corta carne.Eles me olham, claro. Sempre me olham.Mas ninguém realmente me vê.Sou uma lenda nesta cidade: Catarine Vasquez, a mulher que ressurgiu do nada e ergueu um império de elegância e silêncio.Sou... um mito.E, como todo mito, nasci de uma mentira.Cruzo o corredor, sentindo os olhos abaixarem à minha passagem. Respeito?Não.Medo.E eu gosto disso.No reflexo da parede de vidro, meu cabelo está impecável. A maquiagem, calculadamente sutil e agressiva. A pele, fria como porcelana.Por fora, tudo está no lugar.Por dentro...Aperto o botão do elevador, sozinha. Sempre sozinha.Enquanto subo, vejo a cidade se afastar sob meus pés - um formigueiro miserável.Eu vim dali.De um lugar escuro, sem amor, sem futuro.De um pai que me quebrou.De uma mãe que me abandonou.Mas isso...iss
A chuva escorria pesada pelas goteiras do velho galpão, pingando em poças negras no chão de concreto rachado. Ela tremia. Não de frio — porque já não sentia mais o corpo —, mas de puro pavor.Segurava o bebê com tanta força contra o peito que parecia que podia esmagá-lo, como se o calor frágil daquela criança fosse a última âncora que a impedia de simplesmente desaparecer.— Por favor… — a voz saiu falha, rasgada, como se nunca tivesse sido usada.O homem à sua frente permaneceu imóvel, o rosto oculto pela sombra do capuz. Apenas o brilho metálico de um anel grosso em seu dedo denunciava alguma humanidade.— Por favor… — ela repetiu, com mais força, mais dor. As lágrimas queimando a pele fria. — Me ajuda… ele… ele é tudo que eu tenho…O bebê soltou um gemido pequeno, faminto ou apenas inquieto, e ela o embalou automaticamente, como quem repete um gesto aprendido por instinto, não por conforto.O homem deu um passo à frente, a bota afundando na lama com um estalo seco. Ela estremeceu.
Último capítulo