Capítulo dois - Encontro no bar

Chloe forçou um sorriso suave e prático assim que viu o noivo da meia-irmã com um copo de bebida na mão acenando para ela. Mas Ruan não sorriu de volta. Ela já havia visto aquele olhar antes, era a expressão de um homem com problemas.

Chloe hesitou quando olhou ao redor e não viu Megan na companhia dele. Parecia uma péssima ideia encontrar com o noivo da sua irmã em um bar, mas a voz do outro lado da linha parecia tão urgente e aflita que ela pensou que algo pior poderia ter acontecido e, quando percebeu, ela já estava em frente a ele.

— Chloe ele disse gentilmente, seu tom alto , feliz aniversário.

Ela limpou a garganta, eliminando a dor assim que ouviu dizer isso. Finalmente alguém havia se lembrado dela e do seu aniversário. Um sorriso surgiu em seu rosto. Seu coração estava tão arrasado agora que Chloe pensou que demoraria uma eternidade até voltar a sorrir outra vez.

Mas tinha algo de errado, Ruan não havia a chamado até ali apenas para dizer isso.

— Onde está a Megan? Os olhos de Ruan se fixaram nela assim que ouviu a pergunta, e sua expressão modificou em questão de segundos , aconteceu alguma coisa com ela?

— A Megan está ótima ele suspirou, gesticulando para que ela se sentasse ao seu lado , você deve estar surpresa com o meu convite.

Chloe exalou lentamente, quando moveu o corpo e se sentou ao lado dele. Seus dedos apertam o apoio de braço da cadeira em que ela havia afundado. O cheiro de cigarro e bebida se misturando no ar e o som alto a fizeram se sentir desconfortável.

— Surpresa não é a palavra certa A fumaça espessa flutuava como fantasmas sobre as cabeças, as risadas misturadas ao som grave da música batiam como bombas nos seus ouvidos. Chloe sentiu que cada gole de bebida alheia era uma provocação ao próprio estômago. O que você quer exatamente de mim?

Ruan suspirou pesadamente, esfregando a mão na testa. Chloe se movia impaciente na cadeira. Não era o lugar que ela queria estar agora, não depois de tudo o que aconteceu entre ela e Leônidas. Seu coração estava despedaçado e ela nem ao menos teve tempo de consertá-lo. Sentia que só estava ali porque acreditava que algo pior do que o fim do seu namoro poderia ter acontecido.

— A Megan disse que não pode se casar comigo.

Ruan disse sem rodeios.

Chloe olhou para ele, um nó se apertando em seu estômago a cada palavra dita por ele.

— Ela disse que não está pronta, que precisa terminar a faculdade ele balançou a cabeça, levando o copo de bebida para os lábios, tomando mais um gole antes de continuar. O vestido dela está pronto. Os convidados já chegaram. Amanhã é o dia, e eu não tenho mais uma noiva.

Chloe franziu a testa, suas sobrancelhas se unindo enquanto pensava no que havia escutado. Parecia que ela não era a única a sofrer uma decepção amorosa naquela noite. Chloe sabia o quanto Ruan era apaixonado por Megan, o quanto ele planejou e desejou aquele casamento. Ela conseguiu perceber o sofrimento no rosto dele.

Nunca havia visto agir tão emocionalmente assim, concluiu então que era o efeito da bebida.

Mas ela não conseguiu falar, não sabia o que dizer a ele porque não conseguia consolar a si mesma. Ela também estava destruída, como encontraria forças para consolar alguém?

— Por favor, Chloe, convença a Megan a se casar comigo as mãos de Ruan de repente avançaram para cima dela, segurando seus ombros com força, fazendo-a se encolher em seu assento , se você falar, certamente ela escutará.

— Não é tão simples assim sua voz abafada pelo barulho do bar pareceu não ser suficiente , ninguém convence a Megan quando ela está decidida.

Ruan suspirou, uma pontada de decepção em seu olhar. Ele deslizou as mãos sobre os braços dela, até finalmente soltá-la. A ideia de ter que resolver os problemas amorosos da sua meia-irmã ao invés dos dela não parecia uma boa ideia. Ruan não era o único que estava sofrendo ali.

— Tudo bem ele pareceu admitir a derrota , só uma tentativa e eu prometo deixá-la em paz. Pense em todo o constrangimento que passarei amanhã se a Megan não aparecer no casamento.

Relutantemente, Chloe balançou a cabeça, mas pegou finalmente o celular na intenção de se livrar daquele problema. Ela fez a ligação na frente dele, mas Megan não atendeu.

— Eu sinto muito, Ruan Chloe lançou um olhar discreto ao cunhado. Ainda que visivelmente abatido, havia nele uma beleza que agora parecia gritar aos olhos dela, talvez pelo álcool, pela tristeza em comum ou apenas pelo desespero de não querer mais se sentir invisível.

O cabelo escuro caía sobre a testa, os olhos estavam vermelhos e os primeiros botões da camisa branca estavam abertos, revelando um pedaço do peito bronzeado. Ela desviou o olhar. Que tipo de pessoa reparava nisso numa noite como aquela?

Uma parte dela, a parte racional, quis se levantar e sair. A outra parte permaneceu imóvel, esticando os segundos como se esperasse que ele dissesse algo que justificasse sua presença ali.

Chloe mordeu o lábio inferior ao perceber que estava encarando por tempo demais. Levantou-se com tanta pressa que a cadeira atrás dela arranhou o chão, chamando atenção. O coração martelava em suas costelas. Ela havia acabado de perder o homem que amava… e agora estava desejando o noivo da irmã?

Uma mão segurou seu pulso. Ruan também se levantou, o cenho franzido, preocupado.

— O que aconteceu? perguntou, os olhos escaneando o rosto dela. Você está chorando?

Chloe piscou devagar. Só então sentiu as lágrimas escorrendo pelo rosto. A vergonha veio como uma rajada quente.

— Você já tem seus próprios problemas, não precisa se preocupar comigo disse, limpando as bochechas apressadamente.

Mas ele não soltou. Pelo contrário. Puxou-a para mais perto e, quando ela se deu conta, estava encostada no peito dele, envolta por seus braços. O cheiro dele era mistura de álcool e suor. Ela não poderia se aproveitar de um homem completamente bêbado, poderia?

Chloe respirou com dificuldade. Cada célula do seu corpo gritava para ela fugir. Mas o calor daquele abraço a mantinha ali. Seus ombros começaram a tremer quando os soluços escapavam.

— Hoje é o seu aniversário Ruan disse, a voz baixa. Você deveria estar feliz.

— Feliz? A palavra parecia uma piada. Como estar feliz quando Leônidas foi embora sem dizer por quê? Como seguir em frente se nem sabia o que havia quebrado?

Ela não respondeu. Apenas deixou ser abraçada. Pela primeira vez em dias, não estava sozinha.

— O que eu posso fazer… para te deixar feliz esta noite?

Chloe ergueu o rosto. Os olhos dele encontraram os dela. Havia ali um abismo entre o certo e o errado, mas também um espelho do que ela mesma sentia.

Ela respirou fundo. A pergunta ficou presa na garganta por um segundo, antes de se transformar em decisão.

— Me leve para sua casa ela disse, devagar. Eu… só preciso de um lugar para descansar.

Ruan hesitou por um momento. Então assentiu, sem dizer uma palavra.

E enquanto ele a conduzia para fora do bar, Chloe soube que, embora tivesse dito “descansar”, nenhum dos dois acreditava realmente nessa palavra.

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