Laura Stevens –O ar na sala parecia pesado, carregado por tudo o que não foi dito, por todas as feridas abertas ao longo dos anos.Christian estava sentado ao meu lado, com sua presença firme e imponente como sempre, mas era o homem diante de nós que tornava tudo mais difícil.Meu pai.O homem que me olhava agora com os olhos marejados, completamente comovido, como se finalmente estivesse enxergando algo que passou a vida toda ignorando.Ele deu um passo hesitante à frente e então, sem pensar duas vezes, caiu de joelhos diante de mim, me deixando surpresa.— Filha... — Sua voz saiu trêmula, carregada de dor. — Eu sinto muito.Aquelas palavras ecoaram pela sala, mas não aliviaram a dor que pulsava dentro do meu peito.Ele segurou minha mão com força, como se tivesse medo de que eu desaparecesse diante dele.— Eu... Eu negligenciei você, minha própria filha. — Seus dedos apertaram os meus, e ele abaixou a cabeça, como se não tivesse coragem de me encarar. — Eu não sabia o que fazer qua
Laura Stevens –O silêncio que se instalou depois daquelas palavras foi sufocante.Eu ainda sentia meu coração martelar no peito, enquanto eu ainda tentava processar tudo o que ele havia dito.— O que quer dizer com isso? — Minha voz saiu mais firme e a minha mente exigia todas as respostas.Meu pai passou a mão pelo cabelo, deixando sua respiração irregular, como se cada palavra que estava prestes a dizer fosse um peso sobre seus ombros.— Eu achei que estava lidando com só mais uma mulher sedenta por vingança... Mas não. — Ele balançou a cabeça lentamente, como se ainda estivesse tentando entender a dimensão daquilo. — Ela é muito mais do que isso. Andressa é doente.Meu estômago se revirou.— Doente? – Perguntei completamente confusa.Ele assentiu, deixando seu olhar perdido, assombrado por algo que ainda não compreendíamos completamente.— Eu a ouvi. — Ele respirou fundo, como se reunir coragem para continuar. — Andressa e Linda estavam conversando... falando sobre você, filha. So
O hospital parecia maior do que qualquer outro lugar em que já estive. Os corredores brancos e o cheiro forte de álcool me sufocava enquanto eu esperava saber se meu pai ficaria bem. Eu estava sentada ao lado dele, observando seu peito subir e descer de forma irregular, vendo cada respiração parecer um esforço imenso. O médico havia sido claro: o coração dele estava debilitado e precisaria ficar internado sob cuidados intensivos. Meu coração estava em frangalhos. — Pai, eu prometi cuidar do senhor e vou cumprir. — sussurrei, minha voz embargada pelo choro contido. O médico se aproximou e antes que ele falasse alguma coisa, eu falei primeiro. — Eu quero a melhor equipe para cuidar dele. — Minha voz soou firme, mesmo que por dentro eu estivesse desmoronando. O médico assentiu e saiu para providenciar os exames necessários. Eu me permiti encostar a cabeça na cama do hospital, deixando algumas lágrimas escorrerem. O som dos passos de Christian ecoou no quarto silencioso. Senti s
Laura Stevens –Ao ouvir aquelas palavras, Linda tentou me empurrar, mas minha paciência já estava esgotada. Sem hesitar, minha mão voou novamente, acertando seu rosto com ainda mais força.O estalo do tapa ecoou pelo corredor.Dessa vez, ela cambaleou para trás, segurando a bochecha vermelha, os olhos arregalados de choque.— Você perdeu o juízo?! — Ela gritou, deixando sua voz transbordando de ódio.Eu avancei, empurrando-a contra a parede. Meu rosto estava a poucos centímetros do dela. Meu coração martelava dentro do peito e a raiva queimava no meu sangue.— Perdi o juízo no instante em que você ousou tocar no que é meu! — Minha voz saiu baixa, perigosa. — Você passou a vida inteira tentando roubar o que nunca te pertenceu e agora, acha que é a certa por aqui?Ela bufou, tentando se livrar do meu aperto, mas eu não deixei e então, continuei a falar.— Primeiro foi Henri. Depois, você se jogou para cima do Christian. E quando não conseguiu nenhum dos dois, tentou Arthur. — Rosnei, a
Christian Müller –A luz fraca da manhã se filtrava pelas frestas da cortina, e por um breve momento, tudo parecia em paz.Nathan dormia ao meu lado, encolhido, com o rostinho sereno e os cílios longos roçando a minha bochecha. Passei a mão devagar pelos cabelos dele, sentindo o peito aquecer com aquele simples gesto.Laura estava no hospital, cuidando do pai dela… e eu fiquei com o nosso pequeno.Ela não pediu, mas eu sabia o quanto aquilo significava para ela. E por Nathan, eu faria qualquer coisa. Por ela… eu já estou fazendo.Fechei os olhos por um instante, tentando aproveitar o silêncio, até uma batida firme ecoar na porta do quarto.Suspirei, com a sensação de que a calmaria estava prestes a acabar.— Entra — murmurei, já me erguendo com cuidado para não acordar Nathan.Era Mark, e pela expressão séria dele, o que quer que fosse, não era bom.— Christian... temos novidades. — A voz dele era baixa, mas carregada de urgência.Revirei os olhos, já prevendo o que viria.Peguei meu
Christian Müller –A voz firme e cortante veio da porta, e nós dois nos viramos ao mesmo tempo.Laura estava ali. Com os cabelos presos às pressas, os olhos ainda vermelhos pelo cansaço da noite no hospital, mas a postura? Impecável.O queixo erguido, o olhar faiscando entre mágoa e raiva.Maria deu um passo para trás, mas recuperou o sorriso dissimulado em segundos.— Laura... — começou, com a voz doce demais para ser verdadeira. — Eu só estava...— Eu vi, não preciso das suas palavras fajutas. — Laura a cortou, seca. — Você estava tentando seduzir meu marido, nua ou vestida, dá na mesma.— Não seja dramática. — Maria falou com sarcasmo, cruzando os braços com ares de superioridade. — Você não tem ideia do que o Christian e eu já...— Cala a boca! — Minha voz saiu firme, mais baixa que um grito, mas muito mais ameaçadora. — Uma palavra a mais e eu te coloco pra fora daqui agora.Laura me olhou de relance, mas não disse nada. Respirou fundo e se aproximou devagar, com o olhar fixo em
Christian Müller –O clima era erótico e denso, mas nada que explicasse a minha necessidade de ter Laura para mim.Peguei suas mãos com firmeza e as levei até o meu peito, guiando-as por meu corpo com lentidão, olhando diretamente em seus olhos enquanto sua respiração acelerava.Inclinei a cabeça, e murmurei rouco, com a voz carregada de desejo e verdade:— A única que pode me tocar… é você, meu amor.Encostei minha testa na dela, os olhos fechados, sentindo o mundo se calar entre nós.— Eu sou todo seu.Ela mordeu o lábio inferior, e mesmo com todo o peso das últimas horas, seu sorriso cresceu. Um sorriso de alívio, de certeza, de amor.— Então me beija, Christian.Soltei um riso, encarando a imensidão azul na minha frente.— Não precisa pedir duas vezes. Isso é o que eu mais quero fazer agora. – Falei, tomando os lábios dela para mim.A pressionei com o corpo, sentindo o calor que ainda pulsava entre nós. O beijo foi lento no início, mas logo virou um furacão. As mãos dela se enrosc
Christian Müller –Henri estava amarrado à cadeira de ferro, o capuz já removido, e seus olhos vermelhos cravados em mim como um animal selvagem. Mas não era medo o que habitava naquele olhar. Era loucura. Ódio. Uma obsessão doentia que só crescia com o tempo.— Incrível como nossos caminhos estão sempre se cruzando, não é, Müller? — ele disse, com a voz arrastada, o sorriso distorcido de quem perdeu tudo e não tinha mais nada a perder. — Tudo por causa daquela vadiazinha da Ivy. Ela acabou com a minha carreira... destruiu tudo.Meu maxilar travou, e eu dei um passo à frente, pegando a barra de ferro da prateleira. O som dela arrastando no chão ecoou como um trovão no galpão escuro e úmido. Henri observava cada movimento meu com olhos arregalados, a tensão subindo como uma maré prestes a explodir.— Você deveria estar preso desde o dia em que tocou nela pela primeira vez — murmurei, a voz baixa, perigosa.Henri soltou uma risada insana, cuspindo no chão ao lado.— E você... você só en