Tropeço nas minhas próprias pernas e sinto o mundo girar enquanto ele me arrasta pelo corredor estreito da casa. O chão frio raspa contra meus joelhos quando eu caio, e por um instante não sei distinguir se a dor vem do impacto ou da vertigem que pulsa no fundo da minha cabeça. O corredor é apenas um túnel de sombras, iluminado por algumas lâmpadas fracas que queimam como vagas lembranças nas paredes. O ar é denso, abafado, carregado de poeira antiga — e eu sinto que estou tentando respirar dentro de um caixão. Talvez eu esteja.

Luciano caminha com passos largos, violentos, como se cada movimento fosse uma sentença contra mim. A pouca luz não me ajuda a enxergar, mas mesmo se ajudasse, eu não veria salvação alguma.

— Pare com esse show, Rosália. Levante! A voz dele ricocheteia pelas paredes, áspera, cortante, mais fria do que o gelo que tomou minha espinha.

— Vai se f**r, Luciano cuspo de volta, sem força, mas com a dor acumulada de dias. Não estou fazendo porque eu quero. Eu estou t