Há mulheres que se calam diante de uma ordem. Há outras que fingem obediência para sobreviver. Mas Rosália… Ela pertence a uma raríssima e perigosa categoria: a das que desafiam até o silêncio. Não precisa abrir a boca para me enfrentar — basta o modo como ergue o queixo, como sustenta meus olhos com aquela altivez ferida, como se dissesse que jamais aceitará as correntes que o mundo quer impor. E é exatamente por isso que ela será quebrada. Não por crueldade… mas por necessidade. Minha esposa precisa aprender — ainda que à força — as leis que sustentam nosso império, os mandamentos sagrados das Cinco Famílias, os mesmos que regem os Bonanno há gerações. Ela esqueceu todos eles… ou decidiu ignorá-los. Eu não.

Quando meu motorista estaciona diante da mansão Bonanno, sinto o leve enrijecer do corpo dela ao meu lado. Rosália observa cada detalhe como quem caminha para um destino sem retorno. A enorme fachada de pedra, erguida no mais rigoroso estilo renascentista gótico, impõe respeito a