Inicio / Romance / Casamento Forçado: O Cowboy com quem me casei era Bilionário / Capítulo 4 – Poeira, Alazão e a Megera Indomável
Capítulo 4 – Poeira, Alazão e a Megera Indomável

O céu sobre a fazenda Miller estava pintado com tons de fogo e ouro. Um espetáculo digno de admiração… para quem estivesse com a cabeça tranquila. Mas Taylor Remington Miller estava longe disso.

Ele saiu portão afora como um furacão sobre patas, montado em Diablo, seu alazão negro, enorme, feroz e orgulhoso como o próprio dono. O animal relinchava alto, bufando como um touro selvagem, os cascos batendo com força na terra batida, levantando poeira atrás de si.

Diablo não era apenas um cavalo. Era um cavalo selvagem, negro como a noite sem lua, com crina grossa e selvagem, olhos de fera e um gênio que só não era pior que o do próprio dono. Alguns diziam que ele era uma lenda, que ele derrubou três peões em menos de uma semana e ainda mordeu o veterinário porque não gostava do cheiro de remédio. Ninguém ousava montar aquele bruto, ninguém, exceto Taylor. E isso não porque fosse um cavalo difícil, mas porque Diablo tinha o prazer sádico de derrubar qualquer um que não tivesse a alma igualmente teimosa.

Mas naquele dia, Diablo parecia sentir o mau humor do cavaleiro e avançava com rapidez, como se quisesse deixar o mundo para trás.

Taylor estava furioso, por dentro e por fora. Com a camisa jeans aberta nos primeiros botões e calça justa de montaria, botas nos pés, ele mantinha as rédeas com firmeza. O chapéu abaixado projetava sombras sobre o olhar tenso. O maxilar estava travado a respiração, pesada. Cada passo de Diablo, fazia a terra estremecer como se anunciasse a chegada do apocalipse. Tudo nele gritava que aquele era o tipo de problema que nem whisky, nem montaria podiam resolver.

— Casar? Eu? —  pensava, espumando por dentro. — E com uma mulher como ela? Logo ela?!

A memória do rosto da mãe, serena e manipuladora, surgia em flashes: “Lila é a escolha ideal, Taylor. A família dela é poderosa. E sua avó está muito doente…”

A velha jogada emocional. Ele sabia o que aquilo era: chantagem com verniz de preocupação. O boiadeiro destemido agora reduzido a uma peça no xadrez social dos Miller.

Taylor estalou a língua, fez Diablo desacelerar ao se aproximarem do riacho. O som da água corrente trouxe um pouco de frescor ao seu humor fervente. Ele desmontou com um salto firme, retirou o chapéu da cabeça e passou a mão pelos cabelos loiros molhados de suor. Prendeu Diablo num galho grosso e observou o cavalo bufar impaciente, como se dissesse “Eu também tô revoltado, parceiro.”

Foi então que viu uma silhueta relaxada sobre uma pedra à beira da água.

Ali, à beira do riacho, como uma aparição largada e satisfeita, estava Maurício Alves, seu melhor amigo, o rei da enrolação e o campeão mundial em piadas idiotas. Tinha uma calma irritante de quem não leva nada a sério,  nem as contas, nem os relacionamentos e muito menos o peso das tradições familiares.

Ele estava deitado numa pedra, camisa xadrez aberta no peito, pés dentro d’água, uma lata de refrigerante na mão e o boné virado para trás como se tivesse quinze anos e não quase trinta.

— Olha quem resolveu abandonar o trono de rei do gado pra vir chorar na beira do córrego. — disse Maurício, sem sequer abrir os olhos. — Tá fugindo de uma cerca quebrada ou de um casamento arranjado? — perguntou ele sem tirar os olhos da água.

— Dos dois, se possível — respondeu Taylor, largando o corpo numa pedra próxima e soltando um suspiro pesado. — Mas hoje… mais do segundo.  — tirou o chapéu e passou a mão pelos cabelos loiros suados.

Maurício ergueu uma sobrancelha, curioso.

— Vai me dizer que finalmente cedeu aos encantos de uma donzela de vestido florido e voz melosa?

— Vou me casar!

Taylor bufou.

— Vou casar.

O refrigerante de Maurício desceu errado. Ele tossiu, engasgou e quase caiu dentro da água.

— Repete isso sem eu estar distraído com uma formiga na minha perna.

— Eu vou me casar — disse Taylor, dessa vez com toda a solenidade amarga de quem anuncia uma execução.

— Você… o quê?!

— Casar. Com véu, grinalda, valsa e o pacote completo. Ou quase. Porque, obviamente, não sou eu quem vai usar o véu.

Maurício gargalhou, jogando a cabeça para trás.

— Você?  O homem que troca de mulher como troca de fivela de cinto? O mesmo que diz que casamento é tipo chute no saco com papel passado?

Taylor não riu. Nem um músculo da cara dele se mexeu.

— É sério.

Maurício arregalou os olhos, enquanto o riso morria na garganta.

---  Você está doente? Tomou sol demais? Foi picado por alguma cobra religiosa? Taylor, você jurou fidelidade eterna apenas ao seu cavalo e ainda com ressalvas!

Taylor encolheu os ombros.

— É acordo de família — explicou, com raiva contida. — Os Montgomery ofereceram o nome, as terras, e a maldita tradição. Meus pais aceitaram e também é um último pedido da minha avó moribunda.  Agora, sou o boi premiado do curral. Só falta o laço no pescoço.

— Sua avó está morrendo?

— Aparentemente. 

— Cara, eu conheço você há quanto tempo? Uns cinco anos? Desde que você decidiu largar tudo para vir morar no interior, o discurso de sua avó é o mesmo e a velha já enterrou quantos maridos? três? 

— Pois é, mas agora não se trata apenas da minha avó. Meu pai ameaçou me deserdar e me tirar inclusive a fazenda. 

— Peraí, cara, isso aqui é tudo o que é graças a sua administração, ele não pode fazer isso! 

— Pode e vai fazer! Caso eu não aceite… me casar. 

— Tudo bem, digamos que você acabe aceitando essa loucura toda… — Maurício se sentou melhor e encarou os olhos azuis do amigo, coçou a cabeça, ainda tentando entender.

— Com quem, pelo amor de Deus?

Taylor suspirou. Olhou para o céu como quem pede paciência. Depois respondeu, seco:

— Lila Montgomery.

O mundo parou.

Maurício piscou. E piscou de novo.

— Desculpa, eu ouvi Lila “Mimada até o último cílio” Montgomery? A mesma que chegou em rodeio de helicóptero e reclamou que o vento estragou a escova?

— A própria.

— Você vai casar com a Megera Indomável? Com aquele furacão loiro de salto agulha e frase cortante? A menina que confundiu um curral com uma passarela e disse que vaca era “conceitual demais”?

Taylor fechou os olhos com dor.

— Sim.

Maurício caiu deitado, batendo a mão na perna de tanto rir.

— Mas você ODEIA mulher desse tipo! Sempre odiou! Quantas vezes você me disse que não suportava garota mimada, fútil, que acha que terra é coisa que suja salto?

— Centenas. — Taylor murmurou. — Mulheres que não enxergam um palmo na frente do próprio nariz, que vivem de aparências, que acham que a vida real tem filtro. Sempre fugi desse tipo.

— E agora você vai dormir com uma todo santo dia.

— Obrigado por esse lembrete, Maurício. Isso foi extremamente reconfortante.

Maurício ainda ria, mas com respeito. Ou quase.

— Eu achava que você ia morrer solteiro ou casar com uma veterinária do interior, daquelas que falam palavrão e bebem cerveja em lata. Mas Lila? Irmão… você vai ser domado. E com chicote Louis Vuitton.

Taylor pegou uma pedra e arremessou no riacho com força, fazendo espirrar água para todo lado.

— Se depender de mim, esse casamento vai ser só no papel. Nada mais.

Maurício estalou os dedos.

— Boa sorte com isso. Já vi aquele olhar da Lila. Ela não é do tipo que aceita “nada mais”. Ela vai te engolir vivo… com garfo de sobremesa de prata. E também tem um detalhe… 

Taylor desviou o olhar para o amigo que sorriu e continuou:

— Ela pode ser uma megera… mas é gata e gostosa pra caralho!

— Totalmente indiferente para mim. 

— Ok, quero só vê vocês dois dormindo juntos se você vai conseguir se controlar… 

Taylor recolocou o chapéu, firme.

— Eu vou fazer ela se arrepender de ter aceitado. 

— Então você vai mesmo assinar esse contrato de casamento como quem aceita um desafio de montaria de oito segundos?

Taylor encarou o amigo.

— Com sorte, fico viúvo antes da segunda semana.

Maurício gargalhou de novo, depois ergueu os braços e disse, olhando para o céu:

— Senhor, livrai teu servo do salto agulha da ira feminina. Amém.

Diablo relinchou ao fundo, e os dois se viraram como se até o cavalo estivesse achando graça da situação.

Taylor recolocou o chapéu, ajustou o cinto e murmurou:

— Vamos ver quem doma quem.

Maurício apenas sorriu, deu um tapinha no ombro do amigo e respondeu:

— Meu voto é nela.

Enquanto o sol mergulhava atrás das colinas, um cavaleiro rabugento e seu cavalo temperamental encaravam um destino amarrado por alianças douradas, vestidos de grife… e uma megera de olhos azuis que ele desprezava.

Pelo menos, por enquanto.

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