A manhã chegou cinzenta, úmida, com um resquício de chuva pingando das calhas e o cheiro de terra lavada invadindo a cozinha. A casa inteira parecia falar baixo depois da tempestade da noite, a de fora e a de dentro. O relógio na parede marcava um tique-taque preguiçoso, e o fogão à lenha cuspia um calor manso que disputava espaço com a corrente de ar frio que entrava pela porta do quintal.
Lila desceu tarde, com os olhos marcados por uma noite que não existiu. Vestia um robe leve por cima da camisola, o cabelo preso num coque apressado, e um ar de quem se obrigava a funcionar no automático. Sentou-se à mesa, onde Catarina já folheava distraída um caderno de anotações, fingindo rever a lista de tarefas do dia. Amanda, impecável até no amanhecer, mexia o café na x&iacut