A primeira rendição
O sol ainda não havia despontado completamente sobre a fazenda, mas a luz fraca já entrava pelas janelas da casa de caça, pintando o quarto com tons suaves de laranja e dourado.
O cheiro de lenha queimando no fogão a lenha misturava-se ao aroma fresco da chuva da noite anterior, criando uma atmosfera quase mágica.
Letícia estava deitada, ainda com os cabelos úmidos do banho, enrolada em um cobertor grosso, tentando organizar os pensamentos que não paravam de girar em sua cabeça.
Henrique, sentado na borda da cama, observava-a em silêncio.
A briga da noite anterior ainda pairava no ar, mas havia mudado algo fundamental entre os dois:
Uma tensão silenciosa, carregada de desejo e de vulnerabilidade, que nenhum deles conseguia ignorar.
Letícia percebeu o olhar dele, e sentiu um arrepio percorrer a espinha.
Era impossível decifrar se era julgamento, admiração ou pura provocação.
Cada expressão de Henrique parecia um enigma, o leve arqueamento de so