O passado bate à porta

O dia começou com o sol entrando pelas frestas da janela da casa de caça, iluminando o pequeno espaço com uma luz dourada que parecia mais calma do que o turbilhão de sentimentos que Letícia carregava.

Laura brincava no cercadinho improvisado, segurando um boneco gasto, enquanto Letícia tentava organizar a cozinha antes de enfrentar mais uma manhã de tarefas rurais.

Henrique entrou, camisa xadrez desabotoada e jeans surrado, com o cabelo ainda bagunçado da noite mal dormida.

Tinha um sorriso leve, mas Letícia percebeu que algo nele estava diferente.

Um certo ar de tensão pairava sobre ele, que parecia mais alerta, os olhos fixos em algum ponto distante, como se estivesse esperando um problema chegar.

— Bom dia, senhorita Letícia. Disse ele, tentando soar descontraído, mas com a voz ligeiramente tensa.

— Bom dia. Respondeu ela, colocando uma colher de pau sobre a bancada.

— Dormiu bem?

— Mais ou menos. Disse ele, passando a mão pelos cabelos e respirando fun