Amara
Os dias no bunker tiveram o som do nosso próprio fôlego. Sem notícias, sem notificações, sem janelas reais. Só nós dois, a cama, o chuveiro quente e uma cozinha que parecia rir da pressa do mundo. O amor mudou de tom várias vezes ali.
Teve hora em que Damian foi tão romântico que parecia até exagero, flores da estufa subterrânea numa jarra, bilhetes deixados no meu travesseiro, música baixinha que ele jura que não escolheu de propósito.
Teve hora em que ele foi insaciável, faminto de pele e de certeza, outras, ficou tão silencioso que eu apenas deitava sobre o peito dele e escutava o coração voltar ao compasso.
— Você está diferente — eu disse, uma dessas noites, com a cabeça no ombro dele.
— Diferente como? — ele perguntou, mexendo no meu cabelo.
— Como quem parou de respirar com pressa.
— É porque aqui o tempo não grita — respondeu. — E porque você me lembra que eu sou homem antes de qualquer título.
Eu desejei viver aquilo até o último suspiro. Mas o mundo não esperou. A co