Amara
Acordei com a claridade atravessando a cortina e o celular vibrando sem descanso. A cabeça doía, não de ressaca, mas de mundo. Abri a tela e vi meu rosto em todos os lugares. Manchetes, recortes, frases que eu não disse.
— “Amara confirma marcas sobrenaturais”.
—“Mulher de Blackwell confessa rituais”.
— “Marcas e submissão: a verdade por trás do casal do momento”.
Senti o estômago virar. O coração veio para a garganta, eu nem sabia se respirava.
— Abre o áudio — Ronan escreveu no aplicativo seguro. — Deixa eu te mostrar.
Apertei o play. Um apresentador sorria no vídeo e dizia:
— “Marcas não aprisionam, revelam.” Ela admite, portanto, que usa símbolos de uma seita…
Pausei. Fechei os olhos. Tentei contar até quatro. Deu em nada. As lágrimas chegaram de raiva, não de tristeza. Chorava com vontade de quebrar vidro.
Mirella entrou com uma xícara de chá.
— Eu sabia que viriam distorções — disse, pousando a xícara. — A imprensa gosta de história com monstro.
— E agora? — perguntei, e