Priscilla

O inverno russo é um soco no rosto. Aquele frio que parece te dar um tapa, atravessa o casaco, o cachecol, a pele e vai direto no osso. Mas sabe o que é engraçado? Eu gosto. Acho que combina com o que eu sinto por dentro: gelado, calculista, mas com uma faísca de fogo lá no fundo, pronta pra queimar quem vier atrapalhar meus planos.

Eu ainda estou tentando acreditar que estou aqui, em Moscou, no meio desse gelo todo, hospedada num hotel que grita riqueza por todos os cantos, a convite da Irina Luzhin. Sim, a esposa de Pietro Kuhn. Irina. A mulher que deveria me odiar e, ainda assim, me mandou uma mensagem cheia de falsa gentileza. Não que isso me incomode. Pelo contrário, acho até divertido. Ela não faz ideia de quem está mexendo com ela, e eu? Eu estou amando ver ela querendo me usar para arruinar seu casamentinho arranjado.

E o Pietro? Ah, o Pietro. Ele é um capítulo à parte na minha história. Quando eu o conheci, foi como um jogo de xadrez. Eu vi nele tudo que ele era: ar