Irina
O silêncio foi o que me acordou. Para alguém acostumada a sons contínuos — passos apressados, vozes, o zumbido discreto de conversas —, o vazio daquela manhã parecia quase ensurdecedor. Por um momento, me permiti permanecer imóvel, de olhos fechados, sentindo o toque suave dos lençóis contra minha pele. A memória da noite anterior pairava em minha mente como uma névoa incômoda, repleta de lacunas que meu cérebro parecia relutante em preencher.
Quando abri os olhos, notei imediatamente: Pietro não estava lá.
Suspirei, passando a mão pelos cabelos emaranhados. A ausência dele deveria ser um alívio, mas, estranhamente, não era. Eu não sabia o que estava esperando, mas, ao olhar para o lado vazio da cama, uma pequena pontada de desconforto se instalou.
O que diabos tinha acontecido entre nós?
Não era como se Pietro fosse um mistério completo para mim – ele era tudo menos isso. Canalha, manipulador, alguém que sempre colocava os próprios interesses acima de qualquer coisa. E, ainda a