Sem bater, Hector abre a porta e entra no quarto. Ava está de costas, sentada na beirada da cama, falando ao telefone com a mãe. Ao vê-lo, leva a mão instintivamente ao peito, assustada com a entrada repentina. Ela se vira, franzindo a testa.
— Mãe, a gente pode conversar depois? — diz, tentando manter o tom calmo. — Prometo que passo aí amanhã. Está bem? Beijo.
Ela encerra a ligação e apoia o celular na mesinha de cabeceira. Seu olhar, agora cravado em Hector, é tudo menos acolhedor.
— O que deu em você? — pergunta, nervosa. — Entrar assim no meu quarto?
— Temos que conversar — diz ele, direto, com a voz firme.
— Não acho que temos algo para conversar — rebate, cruzando os braços. — E, só para deixar claro, esse aqui é o meu quarto. Já disse que não quero que entre sem bater.
— Esse quarto não é seu — protesta, já perdendo a paciência.
— É sim! — retruca, elevando o tom. — A sua tia já se foi. Não temos mais obrigação nenhuma de fingir que somos um casal. Não há motivo para dormirmos