Os olhos de Alessandro, tio de Catarina, buscavam nela qualquer sinal de hesitação, algo que desmentisse o que acabara de ouvir. Mas Catarina permaneceu imóvel, segurando o olhar do tio, mesmo sentindo o coração apertar.
— Eu sei o que está pensando, tio... — começou, com calma. — Mas as coisas não são mais como antes.
Ele balançou a cabeça, incrédulo, passando a mão pelos cabelos como quem tentava afastar um pensamento absurdo.
— Não são como antes? — repetiu, com um tom de ironia. — Esse homem te fez sofrer, Catarina! E agora volta aqui, na minha casa, como se nada tivesse acontecido?
Ela respirou fundo, lutando para não deixar a voz vacilar.
— Eu não voltei para o mesmo homem, tio. Voltei para alguém que mudou.
Notando que o homem não pareceu aceitar bem a notícia, Henri se adiantou.
— Entendo sua raiva, senhor — disse, com a voz controlada. — E, acredite, eu mereço boa parte dela.
O tio deu uma risada curta e amarga.
— Boa parte? Eu devia te pôr para fora dessa casa agora mesmo!
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