Bruno Vargas
Magnólia Oliveira Black — para mim, sempre foi apenas Dona Mag.
Comecei a chamá-la assim depois de uma bronca memorável, quando, ainda com meia dúzia de fios que ousavam se chamar de bigode, a chamei de “Tia”.
A senhora que nos observava da sacada era a personificação da elite catarinense. Não uma de berço — mas uma que aprendeu o papel e o desempenha com exatidão.
Nossas famílias se conhecem há décadas, desde o tempo em que ela era uma menina que acompanhava o pai ao porto.
Meu avô costuma dizer que existem duas Magnólias: a mulher e a personagem.
Talvez ele esteja certo — parece forjada, meticulosa, cirúrgica. Mas uma coisa nunca mudou: o olhar.
Ela enxerga tudo, estuda, e mantém cada coisa no lugar.
Enrolava entre os dedos uma corrente dourada com um pingente que cintilava nos últimos raios de sol daquela sexta-feira. Usava um conjunto bege — calça e cardigã —, cabelos negros presos com precisão quase militar.
Os olhos, negros e calculistas, escondidos por um par de óc