Magnólia Black

Da sacada do terceiro andar, observo os carros chegando quase ao mesmo tempo: a SUV Volvo de Sean e o sedan Honda Civic de Bruno.

A tarde cai preguiçosa sobre o jardim, tingindo o gramado de ouro. A casa parece respirar junto comigo, depois de tantas estações que testemunharam verões iguais a este — os meninos debruçados à beira da piscina, rindo, cercados de garotas e ilusões.

Sean herdou isso do pai: aquele charme irlandês inconsequente que atravessa gerações como uma maldição.

Liam nunca se deu conta da idade que tem — um galanteador contumaz, que jamais se incomodou com a reputação alheia.

Acha que não sei de cada amante, de cada escapada com ninfetas disfarçada sob o nome de “viagem de negócios”.

Eu sei. Sempre soube.

Mas aprendi cedo que amor e controle caminham de mãos dadas.

Enquanto tudo estiver milimetricamente em ordem — a reputação intacta, o sobrenome imaculado —, eu não me incomodo.

Nem mesmo quando uma dessas aventuras termina mal.

Pura obra do dest