LARA

Dorian chegou mais cedo do que eu esperava.

Ou talvez eu soubesse, lá no fundo, que ele viria. Não havia dito nada, não havia pedido, mas ele cancelou os compromissos do fim da tarde, deixou o blazer no encosto da cadeira da sala e veio até mim com o mesmo olhar silencioso que ele usa quando sente que eu preciso de mais do que consigo pedir.

— Tudo pronto? — ele pergunta.

Assinto com a cabeça. A mesa está posta para três.

Pratos simples, guardanapos de tecido dobrados com cuidado, taças de vinho e água, e um castiçal aceso, porque minha mãe sempre diz que até um jantar de segunda merece beleza.

Luisa nos dá privacidade, como sempre faz. E minutos depois, minha mãe surge com um vestido azul-marinho de linho, cabelos presos em um coque baixo, colar de pérolas discretas e aquele sorriso que parece capaz de acalmar o mundo inteiro.

Mas hoje... ele está mais doce. E mais frágil. Um doce que derrete nas bordas.

— Espero não ter feito vocês esperarem demais — diz, ao se aproximar da mes