DORIAN
As mãos estão unidas à minha frente, mas não sei ao certo se por escolha ou necessidade. Talvez um pouco dos dois. Tento parecer inabalável. É o que esperam de mim. Mas, por dentro, estou em guerra com cada segundo que passa.
O jardim está silencioso. Não o tipo de silêncio desconfortável — é aquele cheio de expectativa. A música suave já começou. As cadeiras estão ocupadas. As luzes pendem das árvores como se fossem estrelas amarradas por fios invisíveis. Tudo está no lugar. Tudo está perfeito.
E, ainda assim, meu coração parece bater fora do compasso.
A porta da casa se abre.
Ela aparece.
Por um instante, o tempo me trai. Porque tudo desacelera.
Lara.
Não há outra palavra, outro nome, outro pensamento. Só ela. Como se fosse a única coisa real neste mundo de aparência e controle.
O vestido é um espetáculo. As mangas longas de renda envolvem seus braços com delicadeza, e o decote é sutil, mas suficiente para me fazer prender a respiração. E os olhos… os olhos me atravessam como