LARA
A cama é enorme. Muito maior do que qualquer cama de hotel em que já dormi. Lençóis macios, travesseiros fofos demais, cheiro de amaciante caro e uma luz amarela suave que deveria me acalmar.
Mas não adianta.
Não há sono.
Não há paz.
Não há espaço nesse colchão que não tenha a ausência dele impressa.
Dorian ficou do lado de fora. Na antessala. Trabalhando. Fingindo que está tudo sob controle, como sempre faz. E eu fiquei aqui dentro, cercada por silêncio e por tudo que não dissemos depois que a ligação interrompeu o que quase foi...
O que quase fomos.
A roupa de cama ainda guarda o perfume dele. Da mistura de desejo contido, suor e colônia. Tudo em mim ainda pulsa por aquele toque. Pelo beijo que prometia mais do que qualquer palavra. Mas também tudo em mim se contrai com a maneira como ele se afastou logo em seguida. Como se eu fosse a distração. Como se eu fosse o erro.
Me viro pela quinta ou sexta vez. Enrolo o lençol nas pernas, tentando encontrar uma posição confortável, mas