LARA
A mesa está posta com cuidado quase cerimonial.
Louças claras, talheres polidos, taças que refletem a luz amarelada do lustre. Eliza pensou em cada detalhe. As flores no centro são discretas — lavandas e pequenos ramos verdes — mas ainda assim preenchem o ambiente com delicadeza.
Minha mãe está sentada na cabeceira, conversando animadamente com Luísa, a enfermeira. Luísa insiste que não precisa se sentar, mas minha mãe, com aquele ar de comando afetuoso, já disse duas vezes que “ninguém se alimenta de pé nessa casa enquanto ela estiver viva”.
Dorian ainda não desceu.
E mesmo assim, o peso da presença dele já está aqui. No perfume amadeirado que desceu do andar de cima quando ele passou pelo corredor. No modo como Eliza ajeitou o guardanapo dele com mais rigor. Na forma como minha mãe retocou o batom — como se fosse receber um genro querido.
— Está tudo maravilhoso, filha. Sério. Que casa linda. Que comida perfumada. — ela diz, com um sorriso satisfeito.
— Não fui eu quem preparou