LARA
A primeira coisa que ouço é a máquina.
Um bip constante, como um metrônomo do mundo que ainda pulsa.
Depois, o cheiro.
Desinfetante, álcool, algo frio e clínico.
O som da respiração dele vem em seguida.
Baixa, ritmada, como se ele estivesse se esforçando para manter a calma.
Mas eu conheço Dorian Vega.
Ele só respira assim quando está tentando não quebrar o mundo ao redor.
Abro os olhos devagar. A luz me fere como se fosse faca. Pisco. Tento me mover. Não consigo.
Um gemido escapa. Baixo. Mas é suficiente.
— Lara? — A voz dele quebra. — Amor… você está comigo?
Viro o rosto na direção do som. Dorian está ali. Sentado ao meu lado, os olhos vermelhos, a barba por fazer, o terno amarrotado como se o mundo tivesse passado por cima dele.
E ele tivesse deixado.
— Você… — Minha voz falha. — Você está aqui.
— Eu nunca sairia daqui — ele responde, pegando minha mão, beijando meus dedos com tanta ternura que me dói mais do que qualquer dor física. — Você me assustou. Muito.
Fecho os olhos d