Na infância, entre as paisagens paradisíacas de Ilhabela, Dilan e Kyra fizeram uma promessa: mesmo que o tempo passasse, um dia eles se reencontrariam. Mas a vida os separou quando Kira perdeu a mãe e foi viver com a avó em Minas Gerais. Anos depois, já adulta e marcada por saudades e lembranças, ela descobre que a antiga casa da família ainda é sua e decide voltar à ilha. O que ela não esperava era reencontrar Dilan, e com ele, todo o sentimento que jamais desapareceu. Dilan, por sua vez, vive um relacionamento frustrado com Cris, que passou a odiar a barreira invisível entre eles: uma promessa de infância com outra mulher. Quando Kyra reaparece, ele toma uma decisão que muda tudo. Mas o que parecia um simples reencontro de almas logo se transforma em um emaranhado de revelações. Kyra descobre que seu pai, que ela acreditava estar morto, está vivo, e é também pai de Cris, a ex de Dilan. Cris, criada em um orfanato e sem nunca conhecer sua origem, sente ódio por Kyra, sem imaginar que ela é sua própria irmã. Presa a um segredo devastador, Kyra precisa decidir se revela a verdade e arrisca ainda mais corações ou se carrega sozinha o peso de um passado que ninguém ousou contar.
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. . Meu nome é Dilan Colin, tenho 28 anos e moro em Ilha Bela - SP desde o dia em que nasci. Eu cresci cercado pelo mar, pelo cheiro da brisa salgada e pelo balanço das ondas que parecem dançar ao ritmo dos meus pensamentos. O mar sempre foi o meu refúgio, meu terapeuta silencioso. Basta me sentar diante dele para sentir que todas as respostas que procuro virão com o som das ondas quebrando na areia. Mas há uma pergunta que nem o mar conseguiu responder. Uma lembrança que o tempo jamais apagou. Ela tem um nome. Kyra. Eu era só um menino quando a conheci. Oito anos de inocência e sonhos. Ela tinha a pele morena, os cabelos ondulados, um sorriso encantador e um olhar tão doce que parecia carregar segredos do universo. Nos tornamos inseparáveis. Todos os dias corríamos descalços pela areia, construíamos castelos, mergulhávamos no mar e inventávamos histórias onde éramos os protagonistas de um mundo só nosso. Lembro-me perfeitamente do dia em que fizemos uma promessa. Estávamos sentados na areia, o sol se pondo ao fundo, tingindo o céu com tons dourados e alaranjados. Kyra segurou minha mão e, olhando bem nos meus olhos, disse: — Se um dia a gente se perder, vamos nos encontrar de novo. Não importa o tempo que leve. Selamos a promessa com um juramento de dedinhos, entrelaçando-os como se aquele pequeno gesto fosse suficiente para prender nossos destinos um ao outro. E talvez tenha sido. Mas a vida, cruel e impiedosa, nos separou. A mãe da Kyra morreu de repente, deixando-a sozinha no mundo. Ela teve que ir morar com a avó, e tudo aconteceu tão rápido que eu nem tive tempo de entender. O que eu lembro, e que nunca vou esquecer, foi o desespero no olhar dela enquanto corria em minha direção. As lágrimas escorriam pelo seu rosto, e ela me abraçou com tanta força que eu pensei que nunca mais fosse soltá-la. Mas nos soltamos contra a nossa vontade. Antes que a levassem, fiz questão de lembrá-la da nossa promessa. — A gente vai se reencontrar. E, quando isso acontecer, nunca mais vamos nos separar. Eu tirei um anel do meu dedo, um presente do meu pai, e coloquei na mão dela. Ela fechou os dedos em volta dele, segurando como se fosse a coisa mais preciosa que tinha. Antes de partir, Kyra me entregou um lenço, e até hoje ele me acompanha, guardando o cheiro de uma infância que nunca esqueci. Dezessete anos se passaram. O mundo mudou e passamos a ter uma tecnologia capaz de encontrar qualquer pessoa em qualquer canto do planeta. Mas eu nunca consegui achá-la. Nunca soube para onde a levaram. A verdade é que Kyra nunca saiu da minha cabeça. Tive outros relacionamentos, tentei seguir em frente, mas a lembrança dela sempre esteve lá, como um fantasma bonito e intocável. Meu último relacionamento foi com a Cris, uma mulher incrível, de sorriso fácil e energia boa. Ficamos juntos por quase dois anos, e ela sonhava em casar, construir uma família, mas eu nunca consegui prometer isso a ela. Meu coração nunca foi dela. Minha irmã, sem querer, deixou escapar a história da Kyra, e isso foi o estopim para o fim do nosso namoro. Foi injusto com a Cris. Ela não merecia um homem que, mesmo estando ao seu lado, pertencia a uma lembrança do passado. Hoje vejo a Cris todos os dias. Ela trabalha como recepcionista na pousada da minha irmã. Nos cumprimentamos, trocamos palavras formais, mas ela evita me olhar nos olhos. Sei que ainda dói nela, e não posso culpá-la. Enquanto isso, eu continuo esperando. Trabalho com artesanato. Faço colares, pulseiras e brincos à mão. Com isso, construí minha casa e minha independência. Meu escritório é a praia, e meu salário vem das minhas próprias mãos. Não me imagino preso em um trabalho que me tire essa liberdade. Mas, por mais que eu ame minha vida, o mar guarda memórias demais. Cada canto desta ilha me lembra Kyra. O som do vento parece sussurrar seu nome. Dandara sempre diz que sou louco, que me prendi a uma promessa de infância como se fosse uma maldição. Talvez eu seja mesmo louco. Mas será que é loucura acreditar que algumas almas são feitas para se reencontrar? Eu nunca quebrei uma promessa na minha vida. Se sinto que não posso cumprir algo, simplesmente não prometo. E essa, a promessa que fiz com Kyra… Essa eu ainda pretendo cumprir. Onde quer que ela esteja, eu sei que o destino ainda não terminou essa história. E um dia, de alguma forma… Eu vou encontrá-la. E nunca mais nada vai nos separar.VOTOS DA KYRA . . Durante muito tempo andei por aí, meio perdida, tentando encontrar um jeito de seguir em frente, de viver uma vida sem você ao meu lado. Mas, a verdade é que você, Dilan, já havia sido separado pra mim desde o começo. Era como se o universo soubesse que nossos caminhos iriam se cruzar, e que não haveria como fugir do destino que nos uniria. Lembro de um dia especial, quando eu ainda era apenas uma garotinha cheia de sonhos e fantasias, minha mãe se sentou ao meu lado, olhou nos meus olhos com ternura, e disse que existem amores feitos sob medida, costurados pelo próprio tempo, alinhavados com cuidado pelas mãos do destino. Ela me contou que, se algum dia eu sentisse meu coração bater mais rápido, quase pulando no peito, se minha respiração travasse, como se o mundo parasse por um instante, se minhas mãos começassem a suar sem motivo, e se borboletinhas voassem no meu estômago só de pensar em alguém, então esse alguém seria o certo pra mim. Ela sempre me ac
A medida que ele ia falando, a Kyra se deixava levar pelas lágrimas, e pelos soluços que eu tentei acalmar.Fernando: Depois de tudo o que o Dilan me revelou, eu fui pra minha casa, e entrei em um grande confronto com a minha mãe.O maior medo dela, é que eu desista dos negócios do meu pai, pois ela sabe que ninguém conseguirá comandar as empresas além de mim.Então, eu precisei ameaçá-la, pra que ela me falasse a verdade, ou então eu iria embora, e deixaria tudo pra trás. Por ela já ser uma senhora de idade, ela ficou com medo de ficar sozinha, então ela falou tudo.Eu sei que esse deveria ser um momento de comemoração, mas eu preciso ter a chance de recomeço com vocês, então apesar da dor que isso possa causar, é necessário falar.Cris, a minha mãe descobriu que eu estava me envolvendo com a sua mãe, e a chantageou, e disse que ou ela saia da minha vida por bem, ou sairia por mau.Sua mãe já conhecia a minha história com a mãe da Kyra, inclusive era ela que mandava pra sua mãe Kyra
DILAN..Depois que a Kyra contou pra vó dela tudo o estava acontecendo, tudo ficou mais fácil.Começamos a colocar o plano em ação, tiramos tudo da casa, e fomos pra um hotel.Não demorou muito pro Rafael reabrir o processo da forma como foi prevista. Ele fez uma última tentativa de fazer a kyra aceitar a proposta dele, mas ficou frustrado por não conseguir e avisou que venderia a casa, o que também era previsto, e fazia parte do plano.Tudo estava voltando pros seus devidos lugares, inclusive, o Fernando pôde finalmente rever a Kyra, e eu fiquei muito emocionado ao presenciar esse encontro, havia muito a ser explicado, mas ainda precisávamos recuperar a casa da vó da Kyra, então isso ficaria pra depois.Fernando: Dilan, vou agorar mesmo me passar por comprador.Dilan: Mas não está muito em cima da hora? Ele pode desconfiar. Fernando: Não, um dos meus seguranças ficou vigiando a casa a distância, pra ver se o rapaz iria lá, e ele está lá agora mesmo.Vou aproveitar, passar por lá
Todos nós ficamos aliviados por ter a permissão dela pra prosseguir com o plano, mas ela olhou pra mim, e o olhar dela me disse muitas coisas. Vó: Minha filha, eu sou sua vó, e jamais iria julgar você, por favor, não esconda mais nada de mim. — Me perdoa vó. Era so isso que eu podia dizer. Ela me abraçou, e eu me senti mais aliviada.Dilan: Bom, amanhã provavelmente o defensor irá entrar em contato com o Paulo, avisando sobre a reabertura do processo. Precisamos esvaziar a casa antes disso.Eu vou só ligar pro Fernando pra saber sobre o próximo passo.O Dilan pegou o celular, conversou com o meu pai, e logo depois desligou.Dilan: Amanhã bem cedo, um caminhão passará aqui para buscar as coisas da casa e levar pra um depósito, enquanto vocês irão ficar hospedados em um hotel, até o Fernando resolver o assunto da compra da casa.Todos concordamos.Apesar da minha vó já ser uma mulher de idade, ela era muito ativa e sóbria. Ela entendeu perfeitamente tudo o que foi conversado com e
Ouvir a Lúcia falar tudo aquilo, me fez lembrar do sonho que o meu tio teve, a minha mãe pediu pra ele não interferir nas minhas escolhas, ele não interferiu, mas as minhas escolhas o fizeram agir de uma outra forma que me ajudou.Fechei os meus olhos, e agradeci a minha mãe mentalmente, apesar de ser um pouco incrédula quanto a isso, eu sabia que existia algo de sobrenatural conduzindo toda a situação. Quando terminamos de conversar, a vó apareceu na cozinha pra deixar a xícara. Vó: Eu vou deitar um pouco, minhas costas não estão me dando descanso.Eu dei um beijo nela e ela foi pro quarto.A cada minuto que passava, a minha ansiedade só aumentava.Eu olhava no relógio a cada cinco minutos, então com um tempo decidi ir pra sala, quando escutei alguém abrindo a porta, me levantei do sofá e quando o meu tio entrou, eu vi o Dilan logo atrás dele, e eu corri pra abraçá-lo.Parecia que eu estava saindo de um enorme pesadelo.Chorei de alívio e felicidade, ao sentir o toque dele, o cheir
KYRA..Eu já tinha ocupado a minha cabeça de todas as formas, almocei com a minha vó, depois fui lavar as minhas roupas que estavam sujas que eu não havia lavado ainda, ela foi pro quarto dela descansar e eu fui pro meu.Eu tentei não chorar, mas não consegui.A minha cama era o único lugar onde eu podia expressar toda a minha dor.Eu tinha apenas um dia pra revelar pra minha vó sobre o meu casamento, e teria também que falar toda a história que vivi com o Rafael nesses quatro anos que passei com ele.Eu tinha certeza que ela ficaria magoada por eu não ter dito que estava namorando na época, e o fato de eu magoá-la, fazia o meu coração doer mais ainda.Decidi dormir, pro tempo passar mais rápido, não havia nada que eu pudesse fazer, além de esperar.Quando acordei, já estava de noite, então decidi ver se a Lúcia havia chegado, para que eu pudesse ligar pro tio Paulo e falar sobre o ultimato do Rafael. Infelizmente eu teria que falar tudo pra minha vó sem a presença dele, ou teríamo
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