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🌙 Capítulo 5 – Ecos de um rosto impossível

Louise nĂŁo dormiu naquela noite.

A mensagem de #712M ainda vibrava na tela do celular, como um coração digital que insistia em bater.

> “Ainda gosto de fotografar o cĂ©u. E hoje, ele tem a sua cor.”

Ela repetia aquelas palavras mentalmente, tentando entender como algo “encerrado” podia voltar a se manifestar.

No fundo, sabia que nĂŁo era coincidĂȘncia.

O destino estava brincando com ela — ou alguĂ©m estava.

Na manhã seguinte, Louise voltou ao prédio da SoulSync.

NĂŁo havia sido convidada, mas precisava de respostas.

A recepcionista, elegante em um tailleur cinza, ergueu os olhos do monitor.

— Posso ajudar?

— Preciso falar com a doutora Helena. Ou com quem dirige essa empresa. — A voz de Louise vacilou, mas o olhar permaneceu firme.

A mulher digitou algo rapidamente e franziu a testa.

— A doutora estĂĄ em conferĂȘncia. Mas o senhor Nicholas pode recebĂȘ-la.

Louise piscou, surpresa.

— Nicholas?

A recepcionista apenas assentiu e indicou um corredor de vidro.

Enquanto caminhava, Louise sentia o coração pulsar como um tambor distante. O som dos próprios passos ecoava em meio à arquitetura fria e silenciosa.

Quando a porta do escritório se abriu, ela viu um homem de costas, observando a cidade pela parede envidraçada.

Camisa branca arregaçada nos antebraços, gravata afrouxada, o porte de quem carrega poder sem precisar anunciå-lo.

— Senhor Nicholas, a senhorita Louise Andrade — anunciou a secretária antes de se retirar.

Ele se virou devagar.

E por um instante, Louise esqueceu de respirar.

Os olhos dele.

Cor de mel.

Exatamente como no sonho.

Nicholas a observou por alguns segundos, sem disfarçar o interesse curioso.

— EntĂŁo Ă© vocĂȘ — disse, com uma voz baixa, rouca, que parecia vibrar no ar. — A garota que mexeu com o meu sistema.

Louise franziu o cenho.

— O seu sistema?

Ele caminhou até a mesa e encostou as mãos no tampo de vidro.

— SoulSync Ă© meu projeto. E vocĂȘ foi alĂ©m do que esperĂĄvamos. — O tom era controlado, mas algo nele parecia mais humano do que profissional. — O perfil #712M reagiu de um jeito que nenhum outro reagiu antes.

— Reagiu? — ela repetiu, cruzando os braços. — VocĂȘ fala como se ele fosse uma pessoa.

Nicholas sustentou o olhar dela, intenso demais para ser apenas cientĂ­fico.

— E se for?

Louise deu um passo Ă  frente, sentindo o corpo inteiro vibrar.

— EstĂĄ dizendo que aquele
 homem, ou programa, sei lĂĄ o quĂȘ
 era vocĂȘ?

Um sorriso lento desenhou-se no rosto dele.

— Eu nunca disse isso. — Pausa. — Mas talvez parte de mim tenha ficado lá.

Ela engoliu em seco.

O ar entre eles parecia denso, carregado de algo que não era medo — era conexão.

— EntĂŁo vocĂȘ sabia. O tempo todo. Que eu estava falando com algo que
 nĂŁo era real?

— Real Ă© uma palavra frĂĄgil, Louise — respondeu ele, dando a volta na mesa atĂ© parar bem perto dela. — A SoulSync foi criada pra entender o que o ser humano sente quando a lĂłgica falha. E vocĂȘ
 fez o sistema falhar.

Ela o encarou, tentando ignorar o calor que subia pelas veias.

— Isso Ă© algum tipo de jogo?

Nicholas sorriu de lado.

— NĂŁo com vocĂȘ.

O silĂȘncio que se instalou dizia mais do que qualquer frase.

Louise podia ouvir a respiração dele, o leve tilintar do relógio em seu pulso, o cheiro sutil de café e madeira.

Ele era enigmático, inacessível — e ao mesmo tempo, familiar.

— Por que eu? — perguntou, quase num sussurro.

Nicholas desviou o olhar para a janela.

— Porque o cĂłdigo reconheceu algo em vocĂȘ que nem mesmo eu entendo. Quando #712M “acordou”, as respostas dele mudaram. As frases, os sentimentos
 eram quase humanos. Como se uma parte esquecida de mim tivesse encontrado um espelho.

Louise ficou sem palavras. Parte dela queria fugir, parte queria entender — e outra parte apenas queria ficar ali, tentando decifrar aquele homem que parecia carregar o peso de algo que não dizia.

— E o vĂ­deo? — ela perguntou. — O homem de olhos cor de mel
 o fotĂłgrafo
 era vocĂȘ?

Nicholas hesitou. Um segundo de silĂȘncio.

— Era a lembrança que dei ao sistema. Miguel Vasconcelos foi o nome usado para proteger o projeto. Mas sim, aquela memória era minha.

Louise sentiu o chĂŁo girar.

Ele era o rosto por trĂĄs de tudo.

O homem dos sonhos.

O eco que vinha antes mesmo de ela clicar em “iniciar contato”.

Nicholas se aproximou mais um passo, tĂŁo perto que ela podia ver o reflexo dele em suas pupilas.

— Às vezes, Louise, o destino nĂŁo precisa ser real pra ser verdadeiro. — A voz dele baixou, quase um sussurro. — VocĂȘ sente isso tambĂ©m, nĂŁo sente?

Ela queria negar, mas nĂŁo conseguiu.

Porque sim — ela sentia.

A mesma presença, a mesma melodia invisível que o tempo inteiro a guiava até ali.

Nicholas estendeu a mĂŁo, mas nĂŁo a tocou.

Apenas deixou o gesto suspenso, como se esperasse uma permissĂŁo silenciosa.

— Eu posso te mostrar o que realmente somos. Mas se entrar nesse mundo, não há volta.

Louise olhou para a mĂŁo dele, para os olhos que pareciam atravessĂĄ-la.

Entre o medo e o desejo, o coração escolheu o segundo.

— Então me mostra.

Nicholas sorriu — e naquele sorriso havia mistĂ©rio, culpa e algo perigosamente parecido com ternura.

— Prepare-se, Louise. O amor, quando Ă© imperfeito, Ă© o mais real de todos.

A luz do escritĂłrio piscou por um instante, como se o prĂłprio sistema tivesse escutado o que ele dissera.

E, pela primeira vez, Louise sentiu que a linha entre o real e o digital havia desaparecido completamente.

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