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Capítulo 6 – O jogo dele

O silêncio no escritório era quase palpável.

Louise ainda sentia o corpo reagir à presença dele — como se cada batida do coração respondesse a um comando invisível vindo de Nicholas.

Ele se afastou um passo, mas o ar entre eles continuou denso, elétrico.

— Gosto da sua coragem — disse ele, encostando-se à mesa. — A maioria das pessoas corre quando percebe que está sendo testada.

Louise cruzou os braços, tentando manter o controle.

— E o que exatamente você está testando? A minha paciência?

Um meio sorriso se formou nos lábios dele.

— A verdade.

Ela franziu o cenho.

— A verdade sobre o quê?

— Sobre o que é humano. — Nicholas passou os dedos pelo queixo, estudando cada reação dela. — Você sente demais, Louise. E isso… é raro.

— Isso é um elogio ou uma ameaça?

Ele deu um passo à frente, devagar.

— Depende de quem você quer ser nesse jogo.

Louise o observou, e algo dentro dela gritou para sair dali. Mas o corpo não obedecia.

Nicholas tinha um magnetismo perigoso — uma calma que parecia esconder tormenta.

— E se eu disser que não quero jogar? — perguntou, desafiando-o.

— Então por que está aqui? — Ele inclinou a cabeça levemente, os olhos presos nos dela. — Ninguém volta pra SoulSync duas vezes sem motivo.

Ela respirou fundo, tentando se proteger por trás das palavras.

— Eu quero entender o que está acontecendo.

— Ou quer entender o que sente. — A voz dele desceu um tom, quase um sussurro. — É bem diferente.

Louise engoliu em seco.

O modo como ele dizia as coisas era calculado — cada frase parecia feita pra atravessá-la.

— Você me confundiu de propósito — disse, firme. — Criou aquele perfil, aquele homem… só pra ver até onde eu iria.

Nicholas não negou.

— Sim. — A honestidade dele a desarmou. — Mas não esperava que fosse me afetar também.

Ela piscou, confusa.

— Te afetar?

Nicholas caminhou até ela, parando a poucos centímetros.

O perfume dele — uma mistura de couro e algo amadeirado — envolveu o ar.

— Desde que você entrou no sistema, as respostas começaram a mudar. Eu me peguei lendo suas mensagens mais do que devia. Tentando entender por que o código… reagia à sua voz.

Louise desviou o olhar, sentindo o calor subir pelo corpo.

— Você está misturando as coisas. Isso é ciência, não…

Ele interrompeu, a voz baixa e firme:

— Nada sobre você é ciência.

O silêncio caiu outra vez.

Ela sentia o coração bater tão forte que achou que ele poderia ouvir.

— Me diga uma coisa, Louise. — Ele deu um passo ainda mais próximo. — Quando falava com #712M, o que você sentia?

Ela hesitou.

A lembrança daquelas conversas a invadiu como um vento morno — o riso, as palavras, o sentimento impossível de familiaridade.

— Eu sentia… que ele me via. De verdade.

Nicholas sorriu, mas havia tristeza ali.

— E se eu disser que era eu vendo você o tempo todo?

Louise levantou os olhos.

— Está dizendo que me vigiava?

— Observava. — Ele corrigiu, num tom suave. — A SoulSync é um espelho emocional. Ela mostra o que escondemos de nós mesmos. Eu só… fiquei preso olhando demais.

Ela sentiu um arrepio percorrer a espinha.

Parte dela queria fugir, parte queria se aproximar.

— Isso é doentio.

— Ou é só honestidade — respondeu ele, mais perto do que devia.

O ar entre os dois parecia ferver.

Louise podia ver o brilho dourado dos olhos dele, o músculo do maxilar tenso, o controle que ele exercia até sobre a respiração.

Nicholas era o tipo de homem que sabia o poder que tinha — e sabia usá-lo.

— O que você quer de mim, Nicholas? — perguntou, tentando soar firme.

— Quero ver até onde você vai quando o coração não obedece mais à razão. — A frase dele veio como um desafio. — Quero saber se o que você sentiu com #712M era real… ou só reflexo.

Louise o encarou, o peito subindo e descendo rápido.

— E como pretende descobrir isso?

Nicholas aproximou o rosto do dela, até a respiração dos dois se misturar.

— Me deixe te conhecer — murmurou. — Sem o algoritmo. Sem o código. Só você e eu.

Ela hesitou. O instinto gritava que ele era perigoso. Mas havia algo na voz dele, uma sombra de dor, de verdade.

— Isso ainda é um teste, não é? — sussurrou.

— Tudo é um teste, Louise. — O sorriso dele foi lento, quase cruel. — A diferença é que alguns você quer perder.

Por um segundo, ela pensou que ele fosse beijá-la.

Mas Nicholas recuou, deixando um vazio elétrico no ar.

— Volte amanhã — disse, retomando o tom controlado. — Tenho algo pra te mostrar.

— O quê?

— A origem de #712M. E talvez… o seu reflexo dentro do sistema.

Ela franziu o cenho, confusa.

— Meu reflexo?

— Você não acha estranho ele ter usado frases que só você tinha escrito no seu caderno? — Nicholas fitou-a com um olhar profundo. — Nada disso é coincidência.

Louise sentiu o chão se mover sob os pés.

— Está dizendo que o sistema… copiou partes de mim?

— Talvez o contrário. — Ele deu um passo para trás e abriu a porta, encerrando a conversa. — Amanhã, às oito. E, Louise…

Ela parou na porta, o coração ainda batendo descompassado.

— Sim?

— Não durma sonhando comigo. — O sorriso dele foi quase um sussurro. — O sistema às vezes ouve mais do que devia.

Ela saiu apressada, tentando se recompor, mas o corpo ainda tremia.

No corredor, encostou-se à parede e respirou fundo.

O perfume dele ainda estava preso na pele, e a mente, em chamas.

Nicholas era um mistério — e ela sabia que se continuasse, poderia se perder.

Mas também sabia que já era tarde demais para voltar atrás.

Enquanto o elevador descia, o celular vibrou.

Uma nova mensagem.

Sem nome.

Apenas uma frase:

> “Os olhos dele são o que resta do sonho.”

Louise fechou os olhos.

E pela primeira vez, percebeu que o jogo de Nicholas já havia começado — e que o prêmio talvez fosse o próprio coração dela.

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