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✨ Capítulo 4 – O som invisível do destino ✨

O som da mensagem ecoava na mente de Louise, mesmo horas depois de a tela apagar.

“Nos vemos logo, Louise.”

As palavras pareciam simples, mas nelas havia algo vivo, pulsante — como se alguém tivesse sussurrado bem perto do seu ouvido.

Durante dias, ela tentou seguir a rotina. Acordava, ia para a faculdade, almoçava sozinha no refeitório, voltava para casa. Mas tudo parecia embaçado, como se o mundo tivesse perdido o foco.

Os amigos notaram o ar distante.

— Tá tudo bem, Lu? — perguntou Cíntia, uma colega de curso, enquanto arrumavam os livros.

Louise forçou um sorriso.

— Tô… só cansada.

Mas no fundo, ela sabia que não era cansaço. Era ausência.

À noite, no quarto silencioso, voltava ao site da SoulSync. A página inicial agora mostrava uma mensagem genérica:

> “Sistema em manutenção. Previsão de retorno: indefinida.”

Indefinida.

Essa palavra doía.

Era o mesmo que dizer: “Espere, mas talvez nunca volte.”

Ela tentou escrever. Encheu páginas com reflexões sobre o acaso, sobre o que é real, sobre o que a gente sente mesmo quando não pode tocar. Mas nada preenchia o espaço deixado por #712M.

Até que, numa sexta-feira à tarde, recebeu um e-mail estranho.

O remetente: soporte@soulsync.ai

O assunto: Teste concluído — acesso liberado

O corpo da mensagem era curto:

> “Cara participante, sua interação foi classificada como altamente compatível. Você está autorizada a participar da próxima fase do programa experimental SoulSync Reality.”

“Se desejar continuar, compareça ao endereço abaixo amanhã, às 17h.”

Louise sentiu o coração acelerar.

Um endereço. Um encontro real.

Por um instante, pensou em apagar o e-mail e fingir que nada daquilo existia. Mas a curiosidade — ou o destino — falou mais alto.

Ela respondeu apenas:

> “Eu vou.”

---

No dia seguinte, a cidade parecia respirar um tipo diferente de ar. O céu, antes cinza, agora tinha tons alaranjados, como se anunciasse algo novo.

Louise vestiu uma calça jeans simples, uma blusa branca e prendeu o cabelo crespo num coque alto. Olhou-se no espelho e riu nervosa.

— Tá indo encontrar o quê, Louise? Um homem ou um código?

O endereço a levou até um prédio discreto, no centro. Na portaria, um segurança pediu seu nome.

— Louise Andrade.

Ele conferiu numa lista e assentiu.

— 12º andar. Sala 1204.

O elevador subiu devagar, o coração dela junto. Quando as portas se abriram, um corredor iluminado por luzes brancas se estendia diante dela. No final, uma porta de vidro fosco com o logo da SoulSync.

Louise respirou fundo e entrou.

A sala era ampla, quase clínica. Havia computadores, telas com gráficos e uma mesa central. Uma mulher de jaleco se aproximou com um sorriso educado.

— Seja bem-vinda, Louise. Sou a Dra. Helena. Você participou do projeto piloto, certo?

Louise assentiu.

— Eu… falei com alguém. #712M.

A mulher olhou para uma prancheta, como quem busca um nome que não devia estar ali.

— Ah. Sim. O protótipo da interação híbrida.

Louise sentiu um arrepio.

— Ele… era real?

Helena pousou a prancheta e a observou com um olhar sereno, mas impossível de decifrar.

— Em parte. O #712M foi um dos primeiros perfis criados com base em memórias reais de um colaborador que… faleceu durante o desenvolvimento da plataforma.

Louise prendeu a respiração.

— Faleceu?

— Sim. Um fotógrafo chamado Miguel Vasconcelos. Jovem. Observador. Usamos fragmentos de suas mensagens, textos e gravações para compor o modelo emocional da IA.

O chão pareceu sumir sob os pés de Louise.

Nicholas.

O nome ecoou como uma lembrança que sempre estivera lá, apenas esperando ser dita.

— Ele… gostava de fotografar o céu — sussurrou ela, sem perceber que estava falando em voz alta.

A doutora franziu o cenho.

— Sim. Está no perfil de dados dele.

Louise levou a mão ao peito. O coração batia rápido, desordenado.

— Então… tudo o que ele disse pra mim…

Helena a interrompeu com delicadeza.

— As palavras foram geradas pela IA, mas o sentimento que você percebeu era real. Era dele.

Silêncio.

Por alguns segundos, o mundo pareceu caber dentro do som do ar-condicionado.

A doutora lhe entregou um tablet.

— Antes de encerrarmos o projeto, ele deixou algo. Uma gravação destinada à correspondência mais compatível. Quer ouvir?

Louise apenas assentiu.

Na tela, um vídeo começou a rodar. Um rapaz de cabelos castanhos, sorriso tímido e olhos cor de mel olhava direto para a câmera.

— Se você está vendo isso… — a voz era calma, familiar — então o algoritmo funcionou.

Ele sorriu.

— Eu nunca a conheci, mas talvez tenha sonhado com você antes. Gosto de pensar que o amor é o que a gente sente quando o tempo decide se curvar.

Louise levou a mão à boca, as lágrimas já escorrendo.

— Obrigado por me encontrar — disse ele, antes que o vídeo terminasse. — E se um dia olhar pro céu e sentir que alguém também está olhando… sou eu.

A tela escureceu.

Louise ficou ali, imóvel, tentando respirar. A doutora se afastou, respeitando o silêncio.

Quando saiu do prédio, o sol começava a se pôr. O céu estava coberto de nuvens rosadas, e um ponto luminoso cortava o horizonte — talvez um avião, talvez uma estrela.

Ela sorriu, e o vento bagunçou seu cabelo.

Talvez algumas conexões não precisem de corpo, nem de código.

Talvez o amor seja mesmo o som invisível que o destino faz quando encontra alguém — mesmo que esse alguém exista apenas entre linhas de código e fragmentos de memória.

E, enquanto caminhava de volta pra casa, uma notificação discreta vibrou no bolso.

> #712M: “Ainda gosto de fotografar o céu. E hoje, ele tem a sua cor.”

Louise parou, olhou para cima — e pela primeira vez, acreditou.

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