Estou na minha sala, o telefone colado ao ouvido, tentando manter a atenção na conversa com um cliente que parece não ter fim. Anoto algumas observações rápidas na agenda quando a porta se abre devagar, e Ângelo aparece, segurando uma pasta de documentos. Seu rosto traz aquela expressão típica de quem tem algo importante para dizer, mas não sabe bem como.
— Desculpe interromper — ele começa, a voz baixa. — Mas tem alguém querendo falar com a senhora.
Cubro o fone com a mão e olho para ele.
— Quem é?
Ângelo respira fundo, como se estivesse medindo as palavras.
— Rebeca Monteiro.
Sinto meus ombros enrijecerem na hora. É como se o ar ficasse mais pesado dentro da sala. Solto um suspiro longo, preparando-me psicologicamente para o que está por vir. Agradeço a Ângelo com um aceno breve, desligo a ligação do outro lado da linha e peço:
— Pode deixá-la entrar, por favor.
Minutos depois, a porta se abre novamente. Rebeca surge com um sorriso claramente ensaiado, mas seus o