Sebastian
Cuidei da transferência de Eduardo assim que cheguei ao hospital. Isadora já tinha voltado para São Paulo, porque não conseguia mais ficar longe do nosso filhos. E prometeu nos encontrar assim que voltássemos.
Depois de cuidar da burocracia, soube que Eduardo estava acordado.
Entrei no quarto dele e encontrei-o sentado, encostado no travesseiro, o ombro direito enfaixado e o rosto ainda marcado pelo cansaço e pela dor. Cada linha no rosto dele parecia contar a própria intensidade do que havíamos vivido nos últimos dias. A cirurgia tinha sido necessária, mas a exaustão ainda se mostrava evidente.
— Você está com uma cara horrível — disse, com a sinceridade crua que a situação pedia.
Ele ergueu o olhar e fez uma careta leve, tentando disfarçar o incômodo.
— A sua também não está das melhores — respondeu, quase brincando, mas a tensão na voz denunciava o quanto ambos havíamos passado por momentos de medo e incerteza.
Me aproximei da cama e respirei fundo.
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