Isadora
O relógio marcava quase quatro da tarde quando percebi que estava há mais de uma hora parada na mesma página de um livro que não lia. Eu estava sentada no sofá da sala, o sol filtrado pelas cortinas criando uma luz quente e preguiçosa que contrastava com o turbilhão dentro da minha cabeça. Tudo o que Sebastian tinha descoberto nos últimos dias estava rodando na minha mente como uma tempestade maldita — Bernard, Louis, o acidente… e o fato de que, por um triz, eu poderia ter perdido o homem que amo de novo.
A culpa ainda me mordia o estômago. Eu tinha pedido o divórcio, empurrado Sebastian para longe, convencida de que ele não me queria mais por perto, quando na verdade ele estava tentando me proteger. Mas, ao mesmo tempo, um alívio meio dolorido me atravessava — porque tudo veio à tona antes que fosse tarde demais, antes que a distância virasse abismo.
Suspirei e fechei o livro no colo, sem lembrar o nome da protagonista, nem o motivo dela estar chorando no capítulo em