Os primeiros dias na casa de Sebastian foram um teste de paciência. Não pelo espaço, que era amplo e silencioso, quase um refúgio em meio ao caos da cidade, mas pela presença constante de Rebeca.
Eu havia decidido que aceitaria sua estadia ali. Não por ela, mas porque havia uma vida envolvida — e por mais que meus instintos gritassem, não seria eu quem causaria qualquer tensão que pudesse afetar uma criança. Mas Rebeca parecia determinada a transformar cada momento em um campo minado, com pequenas provocações que se infiltravam no meu dia como farpas invisíveis.
Na ausência de Sebastian, ela surgia nos lugares mais improváveis. No corredor, na cozinha, na sala. Sempre com aquele sorriso enviesado, como quem sabe de algo que eu não sei.
— “Ainda não se cansou de brincar de assistente?” — disse certa manhã, encostada na porta, enquanto eu revisava alguns compromissos da agenda dele.
— Não. Mas se um dia eu cansar, prometo avisar para que você tenha tempo de se preparar para o c