A luz do letreiro piscava num neon cansado, como um peixe que luta contra a corrente até se resignar. “Hendrix & Sons” nunca fora um pub bonito, mas tinha o que importava, música velha que embalava memórias recentes, copos pesados, garçons que sabiam ficar mudos e mesas que guardavam as confissões de quem sentava ali tarde demais. Andrews estava na penumbra, com uma camisa preta aberta no colarinho e as mangas dobradas no antebraço, como se a noite exigisse pele à mostra para dissipar o calor que vinha de dentro. Ele girava o copo de uísque com uma paciência fingida, como quem enrola um pensamento até ele perder a forma.
A cada gole a garganta queimava do jeito certo, aquela ardência que não expulsa o incômodo, só o organiza. O incômodo tinha nome, tinha olhos escuros e um anel