PONTO DE VISTA DA AUTORA— Você quer que eu entre com você? — Perguntou Dennis, se agachando diante de Amie.Amie balançou a cabeça, exibindo um sorriso no rosto.— Estou bem, papai. Eu consigo entrar sozinha.Embora estivesse assustada, fazia tanto tempo e ela não sabia se seus amigos ainda se lembravam dela. No entanto, não queria que o papai se preocupasse. Além disso, ele precisava ir trabalhar, pois ela sabia que ele não podia ficar na escola com ela. Dennis notou a incerteza nos olhos de Amie antes que ela a disfarçasse com um sorriso suave. Ele ia a confrontar, mas parou na última hora."Provavelmente, ela precisa resolver isso sozinha." Pensou para si mesmo.Então, pressionou um beijo em sua testa e acrescentou:— Se certifique de levar sua comida, tá bom?Amie assentiu, mantendo o sorriso.— E se precisar de alguma coisa, vá até o diretor e peça para ele me ligar ou ligue para sua mãe, tá?— Sim, papai. Eu vou.Dennis retirou um fio de cabelo do rosto dela e, com voz suave, d
SHARONAchava que estava ficando maluca. Metade do tempo, eu queria gritar todas as minhas frustrações. O tempo passava, e a data do meu parto se aproximava rapidamente. Aiden havia marcado essa data no calendário, bem ao lado da nossa cama. Todas as manhãs, era a primeira coisa que eu via ao abrir os olhos, o que só piorava a situação.Conforme o dia se aproximava, eu ainda não tinha pensado nem agido com rapidez. Precisava pensar antes de agir, mas não conseguia imaginar nada que realmente ajudasse. Cheguei a considerar adotar um recém-nascido. Mas, além de ser algo muito difícil, isso envolveria muitas pessoas, o que tornaria o segredo ainda mais difícil de manter. Eu não podia correr esse risco. E nem começaria a discutir o quão complicado seria encontrar uma criança que tivesse apenas alguns dias ou semanas de vida.E, quanto mais os dias passavam, maior ficava o meu medo de que ele descobrisse. Eu nem queria imaginar ele me deixando, mas não conseguia evitar.O fato de que a Ana
DENNISMesmo depois de demitir a Tabitha, a culpa persistia e eu não conseguia olhar para a Ana sem reviver aqueles breves minutos na água com a Tabitha. Naquele instante, estava tomado pela culpa. Já tentei contar para a Ana, mas sempre parecia ser o momento errado. E por onde eu começaria, se finalmente achasse que era a hora certa?— Ei, Ana, enquanto esperávamos a Amie se curar, eu, tolo, me juntei a uma igreja falsa e, lá, um dos membros, que, por acaso, é minha funcionária, tentou me seduzir. Talvez tenhamos se beijado e ido além disso. Zombei de mim mesmo. Soava como um completo tolo, e imaginava a dor que veria nos olhos dela; sabia que precisava manter essa imagem intacta, mesmo que apenas em minha imaginação, pois ver a Ana verdadeiramente magoada me despedaçaria. Naquela manhã, depois de uma sessão de beijos apressados, me vi dizendo para a Ana:— Que tal uma escapada? — Murmurei enquanto mordiscava suavemente sua orelha. — Algo romântico, só nós dois.Ela colocou a palma
Minha aliada pediu que nos encontrássemos hoje e eu concordei. Olhei para o meu rosto no espelho e pude notar a preocupação estampada em meus traços. Meu olhar recaiu sobre a minha barriga, aquela barriga falsa.Essa “aliada” se recusara a explicar por que queria me ajudar, e eu fiquei me perguntando: será que ela sabia sobre minha gravidez falsa? Assim, quando ela propôs um encontro pessoal, aceitei de imediato.Respirei fundo e alisei a blusa com as mãos.— Vamos ver do que se trata toda essa confusão. — Murmurei.Peguei minha bolsa e saí de casa.Assim que me sentei no carro, expirei novamente e revirei a bolsa para confirmar se o spray de pimenta, a arma de choque e o taser estavam intactos.Ela não parecia perigosa, mas nunca se podia ter certeza; além disso, quem sabia meu segredo, agora, pudesse representar algo arriscado.Disquei o endereço que ela me enviou e parti rumo a um restaurante antigo, localizado em uma área remota. Estacionei cerca de um quilômetro de distância e ca
TABITHAOlhei com fúria para Sharon enquanto ela desfilava para fora do café com a cabeça erguida. Em meio àquele bairro degradado, ela se destacava como se pertencesse a um universo distinto. Mesmo trajada de maneira casual, exalava uma fragrância inebriante e ostentava um visual capaz de fazer inveja à mais rica das bilionárias. Conquistar Sharon como nossa cliente seria o ápice do mundo.Contudo, ela era tão letal quanto abastada. Eu percebia isso na forma como me alertava e na expressão estoica que adornava seu rosto desde o nosso primeiro encontro. Não se tratava de alguém com quem se pudesse brincar ou ludibriar com facilidade. Isso era evidente, e devia ter ouvido o Sid.Ciente de que, se insistisse, ela certamente me faria prender, decidi manter distância. Sem outra alternativa, optei por vender a minha história.— Como foi? — Os caras perguntaram quando retornei naquele dia.— Fracasso épico. — Respondi de forma sucinta antes de me recolher para o meu quarto, sabendo que era
SHARONA maioria das nossas ações na vida era mais fácil falar do que realizar. Por exemplo, era simples dizer: “Ah, quero comprar um carro novo”, mas seria bem mais difícil trabalhar dia e noite, mantendo o compromisso de poupar o dinheiro necessário desde o começo.Eu disse que confessaria tudo para o Aiden, mas até agora não consegui fazer nada de útil. O máximo que tive coragem de dizer foi que iria confessar e estabelecer a intenção.No entanto, o medo... Ah, o medo era algo podre, que já destruiu tantos sonhos e ambições. Ele colocava suas mãos frias sobre minha boca, apertava meu coração, e, às vezes, tornava difícil até mesmo respirar.Eu não conseguia olhar Aiden nos olhos e contar que tinha compartilhado a mesma cama com ele, rido e feito planos ao lado dele enquanto, ao mesmo tempo, escondia uma barriga de silicone para enganar a todos, inclusive ele.Aiden era um homem honesto, e essa virtude sempre foi sua marca registrada. Não importava a situação, ele seria sincero com v
CLARAA luz fraca das telas dos nossos laptops era a única fonte de iluminação no vasto porão.O interfone tocou, e eu o atendi de imediato.— Recebemos outra denúncia, Clara. — Informou ela com a calma de sempre.— Envie para cá. — Respondi, abrindo a aba onde recebíamos mensagens e chamadas anônimas.— Adolescente e mãe abusados, endereço anexado. Urgente. — Ela resumiu, enquanto a mensagem aparecia na tela.— Obrigada! — Disse, pegando a mensagem. — Vou repassar para a equipe de resgate.Eu revisei o endereço antes de ler a longa mensagem que alguém provavelmente digitou às pressas.O texto vinha de um garoto de treze anos, que fora forçado a pedir ajuda porque sua mãe, desempregada, tinha medo de abandonar o padrasto abusivo. O padrasto estava fora do estado, e eles precisavam de ajuda antes que ele voltasse naquela noite.Rapidamente, transferi os detalhes para o nosso chat seguro, marquei como alta prioridade e enviei para a equipe de resgate.Eu estava na casa de caridade havia
DENNISFranzi a testa ao atender a ligação dela.— Por que...— Onde está Amie, Dennis? Onde ela está? — Ela perguntou, frenética, emendando logo que Amie estava prestes a ser sequestrada.— O quê? — Larguei a panela que estava segurando no balcão. — Espera, calma aí! Minha Amie? Quando?— Agora, Dennis. Agora. As tire do perigo. Onde ela está?— Elas... Quer saber? Te ligo de volta. — Interrompi, encerrando a chamada rapidamente e discando para Ana.Comecei a andar de um lado para o outro na cozinha, uma mão no quadril, a outra segurando o celular no ouvido, enquanto esperava ela atender.— Dennis? Quer que a gente compre alguma coisa?— Amor. — Suspirei assim que ela atendeu, aliviado por saber que, pelo menos, ela estava bem. Amie também estaria bem, pensei, mas ainda assim perguntei: — Onde vocês estão? Estão voltando? Amie está aí com você?Ela tinha levado Amie às compras para a distrair depois da nossa briga. Amie adorava fazer compras, e Ana achou que isso ajudaria a melhorar