-POV: Artemísia-
Vesti o traje com calma, como quem respeita um ritual antigo. O couro flexível deslizou sobre minha pele com precisão, como se tivesse sido moldado para mim antes mesmo de eu nascer. Cada parte se encaixava com naturalidade — os ombros, o corte da túnica, a faixa cruzada no torso.
Leve. Ágil. Perfeito.
Não precisava de armaduras pesadas. Minha linhagem lupina me dava a resistência que o metal jamais poderia oferecer. O que eu precisava era liberdade. Mobilidade. Instinto.
E aquele traje… era tudo isso.
Acoplei a bolsa de componentes que Ylva me presenteou ao cinto largo da cintura. Ela se encaixou como se sempre tivesse pertencido ali, entre os frascos e os fechos reforçados.
Caminhei até o espelho da tenda. O vidro era antigo, com bordas desgastadas e pequenas rachaduras nas extremidades. Mas refletia com clareza.
Me encarei.
A túnica em tons de terra abraçava meu corpo com firmeza. Os bordados em forma de asas sobre o peito pareciam pulsar com algo ancestral. A cap