Mundo de ficçãoIniciar sessão"Uau", pensei, enquanto o motorista abria minha porta.
— Sua mãe já está dormindo? — perguntei a Damien, tirando meus óculos de sol Chanel. — Ela está revisando os planos de remodelação da ala leste. Ela sugeriu que você tomasse a iniciativa com a decoração, mas já avisei que isso não faz parte do nosso… acordo. "Claro. Acordo." O único tipo de intimidade que tínhamos. — E Julian? Ele dorme aqui? Damien apertou o nó da gravata, um gesto de autocontrole. — Julian raramente dorme aqui. Ele tem uma cobertura na South Beach. Mas sim, parece que ele resolveu estender a visita. Por motivos que presumo, você já imagina. Eu senti um nó na garganta, misto de raiva e antecipação. Raiva de Damien por me expor a esse flerte perigoso, e antecipação pelo flerte perigoso em si. — E foi necessário informá-lo sobre a natureza do nosso contrato? Damien me olhou com aquela expressão de "estou salvando seu negócio, então me obedeça". — A matriarca precisava de garantias de que não haveria um divórcio litigioso. Julian estava presente na conversa. — A matriarca — repeti, forçando as palavras. — Você quis dizer sua mãe, a mesma que teve a ideia original de nos casarmos para proteger a fortuna Evans? E Julian estava presente. Ótimo. Agora ele sabe que somos dois ricos idiotas brincando de casinha, o que o dá licença poética para ser um completo cretino. — Ele é meu irmão, Charlotte. Ele não é uma ameaça. Ele é uma ameaça. Para a minha reputação, para o meu bom senso e pior, para a minha paz de espírito. — Vamos subir. O seu quarto é no final do corredor oeste. Meu quarto. Separado do dele por uma ala inteira. Cláusula 3, subseção B: Dormitórios separados para manter a autonomia e a paz pessoal. Eu mesma tinha escrito essa cláusula. --- Na manhã seguinte, desci para o desjejum. Vestindo um roupão de seda verde-esmeralda, eu estava pronta para enfrentar a Sra. Knight e talvez um email entediante do meu pai. O que eu não esperava era o cenário na cozinha de chef. Damien estava lendo o "Wall Street Journal" em seu iPad, com seu terno cinza de sempre, enquanto tomava café preto. Julian estava do outro lado do balcão. Sem camisa. Apenas uma calça de moletom cinza folgada. Suas tatuagens subiam pelo ombro e pescoço. Ele estava fazendo panquecas - ou, na verdade, tentando. Havia farinha no seu cabelo, queixo, e ele estava rindo. Ele me viu e seu sorriso se expandiu, expondo uma covinha charmosa. — Bom dia, Cunhada. Por que tão vestida? Damien colocou o iPad na mesa com um clic seco. — Vista uma camisa, Julian. E peça ao cozinheiro para fazer panquecas decentes. — Relaxa, irmão. Estou fazendo um detalhe especial. Quer um? — Julian me ofereceu uma panqueca que parecia ter sobrevivido a uma guerra. — Adoro detalhes especiais — eu disse, pegando uma xícara de café. Fui até o balcão. — Eu só não gosto de bagunça. — O prazer da vida está na bagunça, Charlotte — ele se inclinou, e o cheiro dele, uma mistura de maresia e algo amadeirado, me atingiu. — Você está tensa. O seu casamento de contrato te deixou tensa. — Meu casamento de contrato me deixou segura — corrigi, sem recuar. — E sim, estou tensa. Porque eu mal cheguei aqui e você, que nunca visita sua família, está se comportando como um demônio de estimação na minha cozinha. Julian riu, mas havia algo perigoso naquele riso. Ele se inclinou ainda mais, a voz agora um murmúrio rouco só para mim. — O demônio de estimação tem uma confissão: seu marido contou o segredo do contrato, mas ele esqueceu de avisar que você é a única pessoa na vida dele que ele realmente precisa controlar. Meu estômago deu um salto. Controle. — Isso não é verdade — eu disse, virando-me rapidamente para evitar o olhar dele, mas o movimento foi rápido demais. Meu roupão de seda enganchou no puxador da gaveta e escorregou, revelando a minha camisola de renda preta por baixo. Um momento de silêncio se fez presente no local. Damien pigarreou, frio. — Charlotte, sugiro que se recomponha. Mas Julian não disse nada. Apenas me olhou de cima a baixo, seus olhos verdes queimando em um fogo lento e faminto. Ele estava devorando a visão, ignorando completamente Damien. — É uma pena que o contrato não preveja o que fazer se você se apaixonar pelo cunhado — Julian sussurrou, a mão dele roçando minha nuca ao recolocar a alça do meu roupão no lugar. E então ele me deu uma piscadela, pegou uma fatia de bacon, e saiu da cozinha. Deixando para trás apenas o cheiro de farinha, o silêncio de Damien e meu coração batendo tão forte que eu podia ouvir.






