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O motorista substituto

POV: CHARLOTTE KNIGHT

Duas horas após o desjejum constrangedor, o silêncio retornou à Mansão Knight.

Damien estava, previsivelmente em seu escritório na Knight Global, reestruturando a dívida de algum país pequeno. A Sra. Knight havia saído para uma reunião beneficente de alto impacto, provavelmente para discutir doações em dólares e exibir meu novo anel.

E Julian?

— O Sr. Julian está em LA, Sra. Knight — a governanta, Sra. Perez. — Ele está finalizando uma exposição de arte automotiva, parece.

Arte automotiva. Clássico Julian: pegando algo refinado e injetando testosterona.

Eu estava sentada no terraço da minha suíte, olhando para o azul impossível do Atlântico. Um ano. Um ano inteiro de casamento de contrato. Um ano de noites em uma cama king size sozinha, enquanto o homem com quem eu era casada dormia a cinco corredores de distância.

Eu não era uma freira. Eu era uma mulher de vinte e poucos anos, herdeira, e perfeitamente acostumada a ter o que eu queria. E o que eu queria, no momento, era sexo. Sexo bom. Sexo sem compromisso, sem contratos, e definitivamente, sem um marido congelado me observando com olhares de desaprovação.

O problema era que eu tinha que manter a discrição. Qualquer erro seria munição para Damien, ou pior, para minha própria família.

— Sra. Perez?

— Sim, Sra. Knight?

— Preciso sair. Um assunto urgente na boutique Balenciaga. Por favor, avise o motorista para preparar o carro.

Eu não precisava de roupas. Eu precisava de uma válvula de escape.

Dez minutos depois, eu estava descendo a escadaria.

— O Sr. Damien pediu para que o Sr. Mateo a levasse, Sra. Knight. O motorista oficial está doente.

Meu radar de entretenimento apitou.

— Mateo?

— Sim, ele é novo. Tem servido como motorista de apoio.

Mateo estava ao lado do Mercedes S-Class, com a porta aberta. Ele não usava o uniforme padrão de tweed cinza de 1950; ele usava um blazer slim azul marinho e uma camisa branca imaculada que realçava seu bronzeado e seus braços, que eram claramente acostumados a mais do que dirigir. Ele tinha uns vinte e poucos anos, cabelo escuro bagunçado na medida certa, e um par de olhos castanhos.

— Boa tarde, Sra. Knight — a voz dele era firme.

— Boa tarde, Mateo — entrei no carro, garantindo que ele notasse a fenda do meu vestido de seda. — Para Balenciaga, por favor.

O caminho foi silencioso por cinco minutos. Damien teria falado sobre a taxa de câmbio ou sobre a nova coleção de arte da Matriarca. Mateo estava quieto. Profissional.

Isso não servia para Charlotte Evans.

— Mateo, eu detesto essa música clássica. Pode trocar para… algo mais atual? Você parece gostar de música mais… moderna.

Ele olhou para o retrovisor, nossos olhos se encontrando por um instante, e pude ver um brilho de surpresa e satisfação nos seus.

— Claro, Sra. Knight. Eu tenho um playlist…

Ele colocou uma batida de pop eletrônico com um ritmo forte.

— Ótimo — eu disse, reclinando a cabeça e observando-o pelo retrovisor. — Me diga, Mateo. Você está há quanto tempo com os Knight?

— Seis meses, Sra. Knight. Fazendo de tudo.

— E "de tudo" inclui o quê?

— Manutenção de veículos, logística, conduzir o Sr. Damien ou a Sra. Knight em viagens curtas.

— E você gosta? De conduzir?

Ele hesitou por um segundo.

— Gosto da estrada, Sra. Knight. Gosto da liberdade.

— Liberdade… sim. É um conceito lindo, não é? Especialmente quando se está preso em uma jaula de ouro.

Ele não respondeu imediatamente, mas seus dedos apertaram o volante de couro por um instante.

Chegamos à Balenciaga.

— Não precisa entrar, Mateo. Pode esperar no carro. Eu não vou demorar.

— Sim, Sra. Knight.

Eu saí. Dei uma volta rápida na boutique, comprei uma bolsa minúscula e sem sentido. O objetivo não era a bolsa. O objetivo era criar a oportunidade.

De volta ao carro, entrei diretamente no banco da frente. Mateo me olha com os cenhos franzido, mas não diz nada.

— Sabe, Mateo, a verdade é que eu não precisava da bolsa. Eu precisava de ar. E de uma conversa que não fosse sobre fusões de negócios ou balanços patrimoniais.

Eu me virei no banco e encarei a nuca dele, ignorando o espelho.

— Eu sou uma mulher de prazeres simples. E o meu casamento não prevê diversão.

Ele estacionou o carro e desligou o motor. O silêncio voltou, mas agora era preenchido pela tensão da batida da música que ainda tocava baixo.

— O que a senhora está querendo dizer, Sra. Knight? — a voz dele estava um pouco mais rouca agora.

— Que eu preciso de uma carona para um lugar mais interessante. Um lugar onde eu possa… esquecer as regras por uma hora.

Eu me inclinei sobre o console. Nossos rostos estavam perigosamente próximos. Ele não se afastou.

— E onde seria esse lugar?

— Onde você quiser me levar, Mateo. Contanto que seja discreto e muito rápido. Minha reputação depende disso. E minha sanidade também.

Seu olhar caiu da minha boca para os meus olhos, e eu vi o profissionalismo desmoronar. A excitação estava lá. Ele era jovem, charmoso, e o melhor de tudo, descartável para os termos do meu contrato.

Ele ligou o carro.

— Conheço um lugar em South Beach. Uma galeria abandonada. Ninguém nos verá, Sra. Knight.

— Perfeito. Me beije, Mateo.

Ele não precisou de outro convite.

---

Pé esquerdo, devagar. Pé direito, respira.

Eu estava na metade da escada quando ouvi um ruído. Não era um ruído de empregado ou de segurança. Era um som mais sutil, vindo do patamar superior, perto dos dormitórios.

Congelei. Meu coração batia no meu peito como um tambor em uma balada secreta.

Damien? Ele estava sempre acordado, trabalhando. Se ele me visse, ele não me daria um sermão moral, ele me daria um sermão sobre risco de reputação e quebra de confiança.

Eu me curvei, deslizando pelo corrimão para usar a sombra como cobertura. Eu era uma herdeira bilionária agindo como uma adolescente voltando de uma festa ruim. E isso era hilário e aterrorizante.

Cheguei ao topo. O corredor estava escuro, iluminado apenas por um abajur de luz quente no final. Minha suíte era o último quarto à direita. Eu estava quase lá.

Então, uma porta se abriu. Não era a de Damien.

Era a do quarto de hóspedes, que, presumivelmente, Julian havia decidido ocupar permanentemente.

E lá estava ele.

Julian Knight.

Ele estava usando apenas uma calça de moletom cinza (a mesma de manhã?), e estava encostado na moldura da porta, segurando uma garrafa de uísque e um copo.

Ele não fez barulho, mas eu parei de respirar.

— Olá, Cunhada — ele disse, a voz rouca e baixa, perfeita para a hora da bruxa. Ele olhava diretamente para mim, ou para o meu cabelo desgrenhado, ou para meus saltos nas minhas mãos. — Que bom que você conseguiu voltar para casa a tempo. Estava quase mandando um carro buscar o seu corpo.

Eu forcei um sorriso. Charlotte, reaja.

— Eu não sabia que você ainda estava aqui. Pensei que estivesse expondo arte automotiva para ricos entediados em LA.

— A exposição foi adiada. Voltei para casa para pegar uma garrafa de uísque decente — ele olhou para o copo, depois para mim, e seu olhar se tornou mais intenso. — E para ver se o meu irmão estava realmente dormindo sozinho.

— E ele está — declarei, retomando a minha postura.

— Eu sei que ele está — Julian deu um passo lento para fora do quarto, fechando a porta atrás de si. Ele começou a caminhar em minha direção. — Mas você? Você não parece uma mulher que dorme sozinha, Charlotte.

Aquele era o momento. Ele sabia. Ele não sabia com quem, mas ele sabia. Ele sentia o cheiro da adrenalina, ou talvez apenas o meu.

— Eu sou casada. E honro o contrato. Boa noite, Julian.

Eu tentei passar por ele, mas ele foi mais rápido. Ele colocou a mão no mármore, bem acima da minha cabeça, me encurralando.

— Não me venha com essa, Evans. Eu vi você chegar. Eu vi o sorriso. Eu senti a falta da sua presença por horas. Enquanto você, estava se divertindo. jeito.

— Eu fiz compras, Julian. Deixei o dinheiro fazer o que ele faz de melhor: gastar.

Ele balançou a cabeça devagar, o sorriso predatório de volta.

— Não, você fez mais do que compras. Você se livrou de uma tensão sexual insuportável. E a melhor parte? Você fez isso com um subalterno do meu irmão. Que audácia.

Ele inclinou a cabeça, os lábios dele perigosamente próximos ao meu ouvido.

— Você deveria ter me ligado. É para isso que os cunhados servem.

E então, ele roçou os lábios na minha orelha. A sensação me fez arrepiar. Então, ele se afastou, me deixando ali, quente, chocada, e terrivelmente tentada.

— Boa noite, Cunhada. E por favor, da próxima vez, não use o motorista.

Ele entrou no quarto dele, deixando a porta entreaberta, como um convite silencioso.

Eu olhei para os meus saltos nas minhas mãos. A fuga com Mateo havia me dado um prazer rápido. Mas a confrontação de Julian?

Droga.

Corri para o meu quarto, tranquei a porta e joguei meus saltos no chão.

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