A manhã nasceu sem pressa.
Depois de tantos dias de chuva, o sol finalmente apareceu tímido, como quem pede licença para voltar.
No chalé, o ar cheirava a café fresco e lenha queimada.
Camila acordou devagar, sentindo o calor suave da luz atravessando as cortinas e tocando seu rosto.
Por um momento, ela não quis abrir os olhos.
Havia algo de sagrado naquele breve instante em que o mundo parecia quieto — nem lembranças, nem dores, nem ameaças. Apenas o som do vento batendo nas folhas e o respirar sereno de Ricardo ao seu lado.
Ela virou o rosto e o observou dormir.
As olheiras ainda denunciavam o cansaço de dias de tensão, mas havia paz ali — uma paz que ela achou que nunca mais veria.
O jeito como ele segurava a mão dela, mesmo dormindo, parecia um pedido silencioso para que o tempo parasse.
Camila sorriu de leve.
Havia aprendido que o amor verdadeiro não grita, não exige, não se impõe.
Ele apenas fica — mesmo quando o mundo desaba, mesmo quando a dor ameaça engolir tudo.
Mais tarde,