A estrada terminava num horizonte dourado, mas dentro do carro, a luz parecia não alcançar.
O silêncio entre Ricardo e Camila era espesso, quase palpável — o tipo de silêncio que antecede uma decisão irreversível.
O sol começava a nascer, tingindo o céu de tons alaranjados, e mesmo assim o mundo parecia frio.
Camila observava o perfil dele, o maxilar travado, as mãos firmes no volante.
Ela conhecia aquele olhar.
Era o mesmo que ele tinha no dia em que decidiu enfrentar o divórcio, o mesmo olhar de quando prometeu protegê-la a qualquer custo.
Mas agora havia algo diferente — uma escuridão quieta, algo que não vinha só do medo, mas da raiva contida.
— Ricardo… — começou ela, hesitante. — O que você vai fazer?
Ele não respondeu de imediato.
A estrada seguia, o motor rugia baixo, e o bebê dormia, alheio à tempestade entre os pais.
— Eu preciso acabar com isso, Camila. — disse, finalmente. — Preciso olhar pra ela e dizer que chega.
Ela o encarou, o coração acelerando. — Você não pode enfre