A noite havia sido longa.
Camila não conseguira dormir. Cada trovão que ecoava no céu parecia um presságio, uma lembrança viva da ameaça que Beatriz deixara para trás.
O bebê, no berço, dormia tranquilo — alheio ao caos que rondava o mundo dos adultos.
Ricardo permanecera acordado ao lado dela, sentado na poltrona, observando o fogo da lareira diminuir aos poucos.
O olhar perdido denunciava o turbilhão que tentava esconder.
— Ela vai voltar. — disse Camila, a voz baixa, como se o próprio medo pudesse ouvir.
Ricardo desviou o olhar das chamas. — Eu sei. Mas da próxima vez, não vai nos encontrar desprevenidos.
— Não quero viver com medo, Ricardo. — ela respondeu. — Quero viver em paz.
— É o que eu mais quero te dar. — ele disse, aproximando-se. — Só que às vezes a paz precisa ser conquistada antes de ser sentida.
Camila respirou fundo, as lágrimas querendo escapar.
— Eu não sou feita pra guerra.
Ricardo se ajoelhou diante dela, pegando sua mão.
— Então me deixa lutar por você.
Ela o olh