O silêncio era diferente ali.
Não o mesmo silêncio da mansão, cheio de tensão e passos contidos.
Era um silêncio de verdade, o tipo que parece conversar com a alma — o som do vento passando entre as árvores, dos grilos à noite e da chuva batendo no telhado de madeira.
Camila acordou cedo, com o cheiro de café fresco vindo da cozinha. O chalé era simples, mas acolhedor. As paredes de tijolo aparente guardavam um calor que ela não sentia há muito tempo.
A amiga que lhe emprestara o lugar, Helena, deixara uma cesta de frutas e um bilhete:
> “O interior cura de jeitos que a cidade não entende. Respira.”
Camila sorriu de leve. Respirar era exatamente o que ela precisava aprender de novo.
Foi até a varanda, envolta num xale leve, e observou a paisagem. O verde das colinas, o som distante de um riacho, o cheiro de terra e vida. Tudo parecia tão diferente do mundo que ela deixara para trás — aquele onde cada palavra era uma arma e cada gesto, uma ameaça.
Mas, mesmo cercada por paz, o coração